O Dom das Línguas!

“…falarão novas línguas” (Mc 16, 17).

“De minha parte, desejaria que todos falásseis em línguas…” (1Cor. 14, 5).

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Confira esse ensino sobre o dom de linguás na íntegra. Leia mais

  1. a) “O menor dos dons”

O dom da línguas é o mais comum dos carismas. É um dom do Espírito Santo que leva os fiéis a glorificarem a Deus por uma linguagem não convencional, inspirada pelo Espírito Santo mediante o qual falamos a Deus sob a ação do Espírito Santo (1Cor 14, 2).

Este dom nasceu com a própria Igreja.

No Atos 2, 2-13 lemos que esta foi a primeira manifestação do dom das línguas, coincidindo com o nascimento da Igreja. E, depois do Pentecostes, o dom das línguas difundiu-se também entre os simples cristãos (At 10, 46; 19, 6) sempre como manifestação do Espírito.

Após o primeiro século não se tem mais noticias de que este carisma se tenha difundido entre a massa dos fiéis. Sabe-se apenas que ele se manifestou na vida de alguns santos como Francisco Xavier, Cura d’Ars e outros.

  1. b) O que é o dom das línguas?

É, antes de mais nada, uma oração que se faz a Deus, é uma forma de glorifica-Lo. Não se trata de discurso dirigido à comunidade. Trata-se de uma oração pessoal, entre nós e Deus, mesmo se feita juntamente com outros – 1Cor 14, 4. Vez por outra, porém, ela assume a forma de mensagem à comunidade, mas neste caso se exige a interpretação, como veremos mais adiante.

O dom das línguas é uma oração feita em língua desconhecida, nunca estudada e nunca ouvida. Consiste em dizer frases sem conhecer-lhes o seu significado.  Consiste em proferir palavras que não são, propriamente, manifestação de um pensamento formulado pela mente. Consiste em usar a língua, a voz, para externar ao Senhor os sentimentos que não vêm de nós.

Ao rezar em línguas, a pessoa não fica estática, nem entra em transe, mas simplesmente continua no pleno domínio de suas faculdades, sabendo perfeitamente o que está fazendo. A pessoa é livre, podendo começar e terminar quando quer.

O dom das línguas é uma oração especial para a qual somos movidos pelo próprio Espírito. Embora não se compreenda o significado, verifica-se uma nova dimensão da oração. Poucas frases bastam para que aquele que recebe o dom se sinta envolvido por um mistério e possuído por um profundo sentimento de alegria e paz. Desta forma, a presença de Deus se torna aconchegante, indiscutível, quase palpável.

Temos dificuldades em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao dom e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo e o dom se torna um modo a mais em nossa vida, de como podemos rezar. Contudo, diante deste dom, como dos outros, devemos fazer o ato de fé: ceder à ação do Espírito Santo, pois, sob Sua ação “nossa língua profere palavras ininteligíveis”. Através do dom das línguas “palavras misteriosas que não são minhas, palavras escolhidas e formuladas pelo Espírito Santo, dão a Jesus o louvor que Ele merece e do qual eu mesmo sou incapaz”.

Esta oração não suprime a oração formal, antes a completa e enriquece. Ela exige de nós a atitude de render-se ao Espírito Santo; é como uma porta baixa pela qual só passa quem se curva um pouco. É a esta oração misteriosa, inarticulada, que a pessoa se une deixando ao próprio Deus o cuidado de glorificar-se e dar-se graças por um amor que supera todo o conhecimento. Por esta oração recebemos um enriquecimento espiritual, um fruto da graça. Na medida em que rezamos, modificamos nossa vida pela ação amorosa e misteriosa de Deus, que vai agindo em nós.

Este dom, como os outros carismas, é uma ferramenta comum na vida do cristão e, geralmente, liberado em nós pelo Batismo no Espírito Santo, e a Igreja indica que o orar em línguas é verdadeiramente ação do Espírito, é um dom que provem do Senhor.

  1. c) Como se recebe o dom das línguas?

É necessário que o receptor colabore com o doador – o Espírito Santo.

O dom das línguas é uma combinação misteriosa de elementos divinos e humanos. Também a iniciativa é divina e humana. Costuma-se dizer: “nada poderás fazer sem o Espírito e este, sem ti, também nada fará”. O Espírito dá os elementos essenciais, o próprio dom; a nós cabe dispor dos meios acessórios, isto é, a voz, a coragem de falar, etc.

A nossa consagração é indispensável. Para uns ela se torna fácil, para outros, requer esforço muito grande e paciente. O dom, por parte do Espírito Santo é perfeito. O receptor é que, por vezes, não o acolhe com liberdade. Havendo, todavia, perseverança, a correspondência também será perfeita.

  1. O Dom da Interpretação:

“Aquele que tem o dom das línguas reze para ter o dom de interpretá-las”(1Cor14,13).

  1. a) A interpretação

O dom da interpretação das línguas manifesta-se na assembléia reunida em oração e louvor a Deus. É um dom do Espírito à sua Igreja. Não é um dom de tradução. Trata-se de um impulso, de uma unção espiritual para tomar compreensível aos membros da comunidade, a mensagem do Senhor que lhe chega em línguas.

O dom de interpretação das línguas é uma ação de Deus pela qual a pessoa proclama a mensagem de Deus. É semelhante e equivalente à profecia. Todavia, faz se prender pelo dom das línguas e é liberada por ele. O Senhor pode enviar uma mensagem em linguagem convencional, conhecida por todos, e que não precisa de interpretação. Em nosso contexto, falamos da “mensagem em línguas”, mensagem usando o dom de línguas, dirigida à comunidade ou a alguma pessoa em particular. Perguntamos agora, em que consiste a interpretação? Como sentimos que neste momento, somos levados a interpretar a mensagem que alguém acaba de proferir? Como surgem as palavras dentro de nós?

  1. b) O que é o a interpretação

Dizemos que “a interpretação de uma mensagem em línguas, consiste numa inspiração especial em que o agraciado é capacitado a dar sentido a uma mensagem vaga; este dom diz respeito ao conteúdo espiritual de uma mensagem; e quando uma mensagem em línguas recebe  interpretação, a comunidade chega a uma fé mais profunda”. O intérprete sente-se movido a exprimir em palavras normais, convencionais, inteligíveis por todos, uma mensagem que lhe vem do Senhor, mas endereçada a todos, para a edificação da comunidade reunida.

A mensagem em línguas pode ter duração diferente: podendo ser longa ou mesmo breve. Contudo, a interpretação deve ser concisa. interpretando com clareza a mensagem do Senhor. O Senhor não parece dar meias-mensagens; a interpretação deve trazer todo o conteúdo da mensagem e não somente parte da mesma, como se esta viesse mais tarde e por outra pessoa.

Quem tem o dom da interpretação percebe com clareza, que as palavras lhê vêm à mente de forma abundante, e deve dizer que o Senhor lhe inspira.

Se consideramos que há uma unção para se “falar” em línguas (manifestando em línguas a mensagem divina) , há também uma unção, um impulso interior para a interpretação.

O intérprete, pois, percebe um impulso, a unção, e quanto mais se habitua, mais facilmente identifica o modo de como o Senhor lhe “dita” as palavras.

Por vezes, acontece que várias pessoas possam receber a mesma interpretação da mensagem ouvida. Nestes casos, o senso de que a interpretação ouvida é correta, é ratificada. Ocorre, neste sentido, o que disse anteriormente da profecia: deve-se dizer em voz alta: eu confirmo! Após recebermos uma mensagem em línguas e sua interpretação, todos devem proclamar a misericórdia do Senhor, com algum tempo reservado à ação de graças e aos louvores. Esta mesma atitude deve ser recomendada após as proclamações das profecias. Pois, se recebemos uma mensagem do Senhor, através da manifestação dos dons do seu Espírito, devemos nos rejubilar com isto, deixando algum tempo para o louvor. É Ele mesmo que nos está dirigindo a sua palavra. E quando o Senhor nos fala, quer por meio das línguas, ou profecias, sua palavra traz sempre frutos poderosos sobre todos nós.

  1. c) O intérprete

Por fim, dizemos ainda, sobre o intérprete, que ele deve exprimir-se sempre na primeira pessoa, como se falasse o próprio Senhor; Jesus não quer que simplesmente se narre a sua mensagem; mas que se pronuncie a mensagem em seu próprio nome, empregando-se, pois, a primeira pessoa. Pode-se introduzir a mensagem com a fórmula: “Eis o que diz o Senhor…” e usar sempre a primeira pessoa. O intérprete está recebendo a comunicação diretamente do Senhor, e deve abrir-se sempre mais para ser-Lhe instrumento fiel.

Além das palavras de interpretação, o intérprete, por vezes, pode perceber um quadro, uma visualização sobre um fato comunitário ou pessoal, sobre o qual a mensagem em línguas (podendo identificar-se mesmo com uma profecia) está se referindo. Neste caso, deve-se também partilhar o que o Senhor comunicou. A comunidade, ao ouvir uma interpretação, sabe que o Senhor está agindo, e se edifica, louva e glorifica o Senhor por seu amor.

 

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