Anunciando com poder!
Com que poder? (At 4,7) Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogaram: “Com que poder ou em virtude de que nome vós fizestes isso?”
Essa foi à pergunta dos homens do sinédrio os chefes anciãos e escribas, diante do milagre do coxo da porta formosa. Com que poder vocês fazem essas coisas extraordinárias?
A resposta é clara (At 4,8) Pedro estava cheio do Espirito Santo.
- O Espírito Santo é o protagonista da missão.
O Espírito Santo é o personagem mais discreto, e poderoso dos atos dos apóstolos. Por isso Pentecostes é sempre o ponto de partida, para qualquer ação que percebemos na Igreja. Como ensina Ranierro Cantalemessa a Igreja sem pentecostes é como uma missa sem consagração, externamente pode se fazer tudo, ritos, orações, cantos, bater palmas, mas dentro nada acontece.
- Isso porque é o Espírito Santo que torna Jesus Cristo vivo e operante pela invocação de seu nome (v.10)
Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: se este homem está curado diante de vós, é por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos.
Por ser um Deus invisível, até chamados por alguns teólogos de Deus sem rosto, todas as manifestações do Espírito Santo causam espantos naqueles que não creem (At 4,13) – “Os interrogadores ficaram admirados ao ver a coragem com que Pedro e João falavam, sendo pessoas simples e sem instrução. Verificaram que eles tinham andado com Jesus”. É o Espírito que cala a voz dos homens e exaltam a voz de Cristo.
Com que poder fazer isto? Os apóstolos com os corações inflamados proclamam, é por meio do Nome de Jesus, morto, ressuscitado que age por meio de seu Espírito.
Mas corremos o risco de lermos esse versículo da escritura e confrontarmos com nossa vida espiritual e ouvirmos não dos Sacerdotes do templo, mas do próprio Espírito Santo, que poder você experimenta em sua vida?
É possível vivermos um cristianismo sem poder. Apenas com os sacramentos e a graça atual que opera em nós. Essa realidade 90% dos cristãos vivem hoje, vão a missa, confessam se crismam, se casam, vivem uma vida reta, mas estão longe de viverem as demonstrações poderosas do Espírito Santo.
Podemos ser carismáticos tíbios, sem poder, sem unção. (cf Ap 3,15-16); Não se iluda essa é uma realidade que sempre esteve presente na Igreja. Mas tenho contra ti que abandonaste o teu primeiro amor (Ap 2,4).
A própria Igreja viveu um terrível e longo inverno carismático, claro que o Espírito Santo nunca esteve ausente na Igreja sempre se manifestou em movimentos e santos, mas o Espírito Santo foi esquecido na história.
Hoje a (RCC) Renovação Carismática Católica passa por uma crise se fala de “Uma renovação sem ser carismática” Os grupos de oração na maioria das vezes são uma missa sem consagração. Fazemos tudo, acolhida, animação, oração inicial, pregação, oração, avisos… Mas onde estão as impactantes manifestações do Espírito Santo?
Prodígios, sinais, milagres… Para muitos são uma utopia carismática.
Mas o que nos tem faltado?
Quero apontar alguns elementos que nos levam a viver uma vida intensa no poder do Espírito como revela a palavra em (Efésios 3,20) Aquele que tem o poder de realizar, por sua força agindo em nós, mas que tudo que possamos imaginar ou pensar.
1º Abraçar a cruz
Bento XVI diz que a cruz não é a negação da vida, mas o lugar onde jorra agua viva para nós. É do lado aberto do crucificado que jorra agua do Espírito Santo. Paulo diz: Já estou crucificado. (Gl 5,24);
No começo da caminhada nós crucificamos muitas coisas, mas com o passar do tempo se não vigiarmos temos a tendência de voltar a pratica-las. Como o porco que volta a se banhar na lama.
Abraçamos a cruz de duas maneiras:
1º Luta continua contra os pecados veniais (cf Gl 5,17);
Quanto mais presos aos pecados veniais estamos mais presos estamos na terra. (Cl 3,1) Se ressuscitaste com cristo, buscai as coisas do alto, cuidas das coisas do alto e não da terra.
Os pecados veniais que cometemos sem preocupação, os deslizes diários, nos levam a estagnação espiritual. Essas faltas e as inclinações que dela derivam inclinam a alma para terra. Como um pássaro que não consegue voar. Romper com os pecados vênias. É abrir as asas, para que os frutos e dons comecem a se manifestas.
2º Permitir que a vontade de Deus se encarne em nós, por meio da OBEDIÊNCIA.
Muitas vezes queremos adequar a palavra de Deus a nossa vida, mas abraçar a cruz é fazer ao contrário. Precisamos nos submeter totalmente a tudo que sabemos que Deus nos pede. (cf At 5,32); O Espírito Santo é dado aqueles que lhe obedecem.
3º Renovar constantemente o desejo de consagração a Deus:
VIDA DE SANTIDADE que nos leva a seguir em tudo a vontade de Deus.
Os padres da Igreja dizem que: Este propósito faz chover novas graças sobre nossa alma. Repitamos frequentemente as palavras de Jesus: ‘O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou’ (Jo 4, 34).”
4º O Exercício das virtudes:
Segundo Gregório de Nissa, a virtude é “uma disposição habitual e firme para fazer o bem”, sendo o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus.
Existem duas categorias de virtudes:
As virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus. A fé, esperança e caridade.
- A fé – Pela fé, “o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus.
- Esperança: por meio dela, esperamos a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.
- A caridade – “como amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus.”
E as virtudes morais:
A honestidade,
A justiça – a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;
A castidade, o domínio dos apetites sexuais. – A humildade, – A obediência.
5º Praticas de Ascese e disciplina
São João da cruz ensina em sua mística que uma alma que não é purificada nunca chegará a um alto grau de contemplação.
- Mortificação: Renuncia de prazeres.
- Jejum: Abstinência total de alimentos; ou de falar.
- Vigílias: Estar em prontidão de corpo e alma;
Concluindo – Recolhimento interior
Devemos ter em nosso coração uma cela, uma câmara secreta, na qual possamos entrar e nos deter diante de Jesus. Santa Teresa chama de castelo interior ou moradas. (Jo 14,1) Quando exercitamos isso, somos capazes de fazer silêncio interior até mesmo no meio das agitações do dia a dia.
Muitas pessoas pensam que serão dóceis ao Espírito se sentirem muitas coisas ou se fizerem muito barulho durante a oração. O conselho de Jesus para bem rezarmos é muito diferente disso. Ele diz: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido” (Mt 6,6).
Quanto mais eu rezo, mais poder, quanto menos eu rezo menos poder, muita oração muito poder, pouca oração pouco poder.
Pois a vitória na guerra não depende do tamanho do exercito, mas da força que vem do céu! (Mc 3,19).