Desenvolvendo autoestima (Salmo 139,14)

“Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as tuas obras; tu me conheces por inteiro”.

Poucas pessoas teriam a coragem de se olhar no espelho e dizer: “Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso” (a).

Se fossemos colocados em uma prova onde deveríamos apontar dez defeitos e dez qualidades que temos, com certeza enfatizaríamos nossos defeitos.

Essa pequena introdução nos leva a considerar que muitas pessoas vivem debaixo de um grande fardo, chamado baixa autoestima. Leia mais…

A baixa autoestima está intimamente ligada a dois fatores:

1. À dificuldade de auto aceitação.
2. À falta de autoconhecimento.

• A dificuldade de auto aceitação pode ser causada por diversos fatores:

Rejeições, traumas, perfeccionismo, padrão de beleza imposto pela sociedade.

• À falta de autoconhecimento:

Pode levar um indivíduo à desvalorização de si mesmo, à aceitação de padrões contrários aos seus valores, a doenças psicológicas como depressão, tristeza, isolamento e em casos extremos, o suicídio.

Muitas pessoas sofrem de baixo autoestima por causa dos padrões que a sociedade cria: “beleza, riqueza”.

Uma pessoa que sofre de baixa autoestima não se sente capaz de realizar as coisas e, com isso, acaba perdendo inúmeras oportunidades de crescimento em vários âmbitos da vida, prejudicando o próprio desenvolvimento.

Confira alguns dos principais sinais da baixa autoestima a seguir:

• Hábito de sempre encontrar culpados para seus problemas ou erros;
• Dificuldade de aceitar as próprias limitações;
• Timidez em excesso;
• Medo da rejeição;
• Busca constante por elogios e reconhecimento externo;
• Falta de confiança em si mesmo;
• Tendência à procrastinação e preguiça;
• Hábito de se comparar com outras pessoas;
• Competitividade em excesso;
• Falta de habilidade para lidar com críticas;
• Sensação de incapacidade;
• Necessidade de inferiorizar as pessoas;
• Perfeccionismo;
• Dificuldade para reconhecer as próprias vitórias e conquistas.

Davi em sua infância e adolescência sofreu com um dos grandes sintomas que levam as pessoas a sofrerem de baixa autoestima: a rejeição. Em outro Salmo, o 27,10, Davi diz: ainda que pai e mãe me abandonem, o Senhor me acolhe.

Nesse Salmo Davi se refere ao dia que fez sua grande experiência com Deus, quando foi ungido na presença de seus irmãos e pais pelo profeta Samuel (veja I Sm 16).

Seu pai Jessé recebeu na sua casa a presença do profeta Samuel. O profeta foi na casa do pai de Davi para ungir um novo rei para Israel. Nesta ocasião, Jessé chamou seus sete filhos e mandou-os sentar a mesa, mas esqueceu de chamar o seu filho mais novo.

A mesa na cultura hebraica era lugar de honra, onde sentavam apenas os escolhidos, Davi foi esquecido e rejeitado pelos seus pais. Mas Davi não foi abandonado e esquecido por Deus, que ordenou que o profeta não sentasse a mesa enquanto Davi não chegasse. O Senhor disse ao profeta: “Não te impressiones com a sua aparência, nem com a sua grande estatura; não é este que eu quero. Meu olhar não é o dos homens: o homem vê a aparência, o Senhor vê o coração” (v,7).

A partir dessa unção, Davi começou a ser curado de toda rejeição e traumas relacionados à baixa autoestima. Ele sabia que era profundamente amado, e passou a olhar para si mesmo com outros olhos, o que o fez desenvolver uma autoestima.

Alguns sintomas:

1º Ele sabia que era amado. O nome Davi significa ‘Amado do Senhor”;

2º Se aceitava como era;

3º Não tinha medo de reconhecer seus erros e imperfeições: Um dos grandes Salmos de Davi é o da misericórdia (Salmo 51), onde ele confessa seus erros e pecados;

4º Não tinha medo de enfrentar gigantes: venceu Golias;

5º Não se preocupava com críticas destrutivas:  Micol, a filha de Saul, tentou ridicularizar Davi quando ele dançou diante da arca do Senhor. (Veja 2 Sm 6,14-18).  *Crítica destrutiva – são críticas que ofendem, agridem ou denigrem a imagem do outro.

Consequências de se desenvolver uma autoestima saudável:

1. Quando aprendemos a desenvolver uma autoestima saudável, potencializamos nossas fraquezas e temos estrutura para seguir em frente diante de qualquer adversidade.
2. Desenvolvemos maturidade – A maturidade não é questão de idade, mas é fruto de uma inteligência emocional, que se reflete na forma que lidamos com nossos sentimentos e adversidades da vida.

Para concluir:

Podemos ter a autoestima desenvolvida de várias formas:  através de uma boa estrutura familiar, com tratamentos psicológicos, através do diálogo com uma pessoa que seja preparada para ouvir e nos orientar nos conflitos e através de uma profunda experiência com Deus.

Na experiência com Deus obtemos um novo conhecimento em duas direções: sobre quem Deus é, e também sobre quem nós somos.

Davi em sua experiência descobriu que Deus é amor, que cuidava dele como um pastor cuida de suas ovelhas… (Salmo 23).  Davi também descobriu quem ele realmente era, o amado, escolhido e preparado por Deus para uma grande missão, conduzir as ovelhas de Israel com a mesma proteção que ele era conduzido por Deus.

O Senhor pode curar nossa baixa autoestima, Ele é um pai carinhoso, diz Davi:

(Salmo 103, 3-5) É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele quem salva tua vida do fosso e te coroa com sua bondade e sua misericórdia; é ele que pela vida afora te cumula de bens; tua juventude se renova como a da águia.