INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS

Confira um breve estudo da vida e do Evangelho de São Mateus.

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De Mateus conhecemos o encontro com Jesus, que nos é narrado por três Evangelistas: Mt 9,9-13; Mc 2,14-17 e Lc 5,27-32. A diferença é que, no mesmo episódio, a pessoa em questão chama-se “Mateus” e Mt. E levi em Mc e lc. Mas isso não constitui um problema, já que na antiguidade era normal usar dois nomes, especialmente para quem, como nosso Evangelista, era um hebreu ligado ao mundo greco-romano.

Pelas narrações mencionadas acima, sabemos que nosso autor era uma “publicano’ cobrador de impostos públicos, na alfandega da cidade de Cafarnaum, perto do lago de Tiberíades.

Sem dúvidas, Mateus não era uma pessoa benquista. Os publicanos, sendo protegidos pelos Romanos, exploravam o povo, sendo protegidos pelos Romanos, exploravam o povo, pois recebiam uma porcentagem sobre os impostos arrecadados. Além disso, Mateus cobrava também impostos indiretos como por exemplo o dizimo. Isto, sem dúvida, permitiu-lhe acumular riquezas, vivia então em meio a classe média-alta da sociedade da época. Cercado por aristocratas e autoridades políticas.

Nos Evangelhos percebemos que Mateus tinha uma grande pratica financeira, ao compararmos com o Evangelho de Marcos ou Lucas, ele usa termos claros, próprios da linguagem financeira, fazendo exatas distinções entre vários tipos de moedas, usadas por hebreus e romanos.

O encontro com Jesus deu uma virada radical em sua vida: Mateus “DEIXOU TUDO” para seguir Jesus (cf Lc 5,28) e tornou-se discípulo dele, participando do grupo dos Doze Apóstolos.

Provavelmente após a morte de Jesus, Mateus permaneceu na palestina e, com a morte do Apóstolo Tiago, foi quem assumiu a direção da Comunidade Cristã em Jerusalém, comporta por hebreus convertidos à doutrina de Jesus.

Sem dúvida essa realidade foi muito complicada, pois a doutrina de Jesus era considerada como heresia pelos hebreus, e quem tivesse a ousadia de segui-la automaticamente seria expulso da comunidade hebraica e como consequência perdia todos os direitos de cidadania. Por exemplo o direito à propriedade privada podia ser tirado sem que tivesse possibilidade de defesa no tribunal, bem como o direito à participação nas funções religiosas.

Mateus tinha a importante função de dar segurança de fé e identidade nova a todos eles, mantendo o equilíbrio e a continuidade entre a antiga e nova religião a nova fé.

Para esses cristãos em particular Mateus escreve o Evangelho. Por isso em toda sua obra, é evidente  a influência da mentalidade e dos problemas da cultura hebraica, muito mais do que nos outros Evangelhos.

Por exemplo: A expressão: “sentar à mesa” de Mt 8,11-12 – própria de Mateus – é tipicamente judaica  e representa a alegria da era messiânica.

Mateus revelava que os valores do hebraísmo não eram totalmente diferente e distante do Cristianismo que os novos convertidos professavam, que não havia necessidade de abolir as Escrituras (isto é a lei e os profetas) para ser Cristão. Mt 5,17 “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir.

Toda a riqueza do Antigo testamento não poderia ser menosprezada e, quem fizer isto, “será chamado o menor no reino dos céus” Mt 5,19.

Jesus veio para cumprir o Antigo Testamento, mostrar uma lei que embora não eliminando a Antiga, é “superior” aquela dos Escribas e Fariseus (cf Mt 5,20).

Jesus reconhece plenamente o valor dos ensinamentos dos escribas e fariseus: “… fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis suas ações, pois dizem e não fazem” (Mt 23,3 ss). O que Jesus não tolerava era a hipocrisia religiosa que muitos viviam.

Mateus cuidadosamente revela que tudo o que a antiga aliança revelou sobre a vinda do messias se cumpriu em Jesus, por exemplo:

Seu nascimento em Belém – na Judeia (Mt 2,1 – Miq 5,1); a fuga para o Egito (Mt 5,2 – Os 11,1), a matança dos inocentes (Mt 2,18 – Jr 31,15) a estadia em Cafarnaum (Mt 4,14-16 – Is 23,9) os milagres; a entrada em Jerusalém muntado num jumento (Mt 21,4 – Zc 9,9)  toda a paixão de Jesus é lida a luz dos Salmos 22;69;110, etc.

  1. A IMAGEM DE JESUS: O MESSIAS

Mateus revela a continuidade entre o Antigo e novo testamento, onde Jesus é o messias esperado.

O povo hebreu vivia à espera do messias, alguém enviado por Deus (Mt 11,2-6; Jo 4,25; LC 2,25-26) que iria realizar um segundo êxodo – plena libertação de Israel – espalhando a cultura hebraica pelo mundo afora (cf Is 2,2-4). Este alguém, em língua hebraica era chamado de messias (Em grego: Cristo) que quer dizer o escolhido, o ungido do Senhor. Pois bem este messias que todos esperavam era justamente Jesus, e Mateus faz o possível para evidenciar o fato.

Para um Hebreu o nome significava a missão que um a pessoa iria realizar e, além disso, revelava a sua substancia intima daquela pessoa.

Desde o momento de seu nascimento, Mateus explica o significado do nome “JESUS” ( = Jahvé salva), com a citação do Salmo 130,8 (Mt 1,21). Afirma ser justamente este Jesus o “Emanuel” (Deus-conosco) profetizado por Isaias, 740 anos antes “Eis que a virgem dará à luz a filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).

Os milagres de Jesus evidenciam seu caráter messiânico e revela os novos convertidos que os mesmos não precisam mais esperar outro. Sintetizando sua obra no cumprimento da profecia de Isaías: (IS 35,5-6).

Se Jesus é o messias enviado por Deus será também o guia do novo povo, assim como Moises o foi nos tempos passados. No monte Sinai, Moisés deu a nova aliança (cf Êxodo  24,12-18), assim também Jesus, no monte da as leis das bens aventuranças (Mateus 5,6,7).

Considerar Jesus como mestre e guia é uma característica especifica deste Evangelho. Enquanto em Marcos temos três parábolas e em Lucas apenas uma, em Mateus temos sete parábolas com três explicações. (veja Cap.13).

ESTRUTURA

O Evangelho de Mateus  foi elaborado como um ensino catequético, ele unifica grupos bens distintos: Parábolas e frases que Jesus proferiu em lugares diferentes unidos em forma de ensino.

Mateus organizou seu Evangelho da seguinte maneira:

  1. Infância de Jesus (1-2).
  2. Sermão da montanha (5-7).
  3. Serie de milagres (8-9).
  4. Manual para missionários (10).
  5. Discurso em parábolas (13).
  6. Discurso Eclesiástico (18-19).
  7. Discurso escatológico (24-26).
  8. Narração da paixão e ressureição (26-28).

Sempre entre um discurso e outro, Mateus coloca algumas narrações, com a própria vida de Jesus, seus ensinamentos.

PALAVRA CHAVE: O REINO.

Mais que todos os outros Evangelistas João trabalha a temática do reino, revelando que a manifestação do reino de Deus tão esperado já esta acontecendo em Jesus, Ele é o rei deste reino. Todo o designo da salvação, o projeto de Deus em relação ao homem, o triunfo final da vida sobre a morte e do amor sobre o egoísmo, são indicados na Bíblia com a expressão: Reino de Deus.

Mateus descreve as etapas segundo as quais o reino se torna presente no homem:

  1. A PRIMEIRA CONDIÇÃO PARA TER ACESSO AO REINO É:

Sentir-se necessitado, precisando de transformação e enfim é necessário fazer penitência. Essa é a mensagem que João Batista faz seguir ao anuncio da vinda do reino: Convertei-vos, porque o reino dos céus esta próximo (Mt 3,2).

  1. O CRESCIMENTO LENTO E CONTINUO

INICIALMENTE, OS SINAIS DO REINO SÃO MODESTOS E PASSAM QUASES DESPERCEBIDOS:  Como a parábola do grão de mostarda que “embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é maior que qualquer outra hortaliça e torna-se arvore (Mt 13,32).

  1. PASSA POR MUITAS DIFICULDADES, CRESCE EM MEIO A CONDIÇÕES DESFAVORÁVEIS:

Como a parábola do Joio e do trigo (Mt 13,24-30).

  1. MAS ESSE REINO EMBORA APARENTEMENTE FRACO, POSSÚI UM GRANDE POTÊNCIAL DE TRANSFORMAÇÃO:

O mesmo é capaz de mexer e revolucionar toda a realidade em sua volta, transformando-a. Assim como o fermento transforma agua e farinha em massa para pão (Mt 13,33).

Nem todos conseguem passar por essas etapas, por isso a entrada no reino exige violência (Mt 11,12) exige força e decisão, é necessário desapegar para passar pela porta estreita (Mateus 7,13-14), quem souber arriscar tudo, poderá então entrar.

Mesmo que a entrada no reino seja difícil, não existe discriminação, todos são chamados às portas estão abertas para todos (Mt 9,13;21-22). Deus chamará em todos os momentos e em todas as horas, como na parábola dos operários (Mt 20,1-16). Aqueles que são chamados devem tomar de assalto essa grande oportunidade. Caso não aproveite a oportunidade o lugar reservado será cedido a outro, como na parábola dos dois filhos (Mt 21,28-32).

Esse ultimo aspecto do reino é apresentado por varias vezes no Evangelho. Israel foi favorecido por Deus com manifestações extraordinárias, no entanto se fechou a vinda do reino de Deus, desta forma os Judeus não se mostraram dignos da oferta de Deus. Então Deus escolheu um novo Israel que é a Igreja- o povo cristão – que deverá ser fiel e merecedor do dom prometido.

O simples pertencer à Igreja –ser cristã não garante automaticamente a salvação, na rede da parábola do pescador (Mt 13,47-50) vão juntos peixes bons e ruins, os ruins no ultimo dia serão jogados fora.

Temos assim o reino se manifestando em três fases:

A fase inicial a vinda de Jesus, homem Deus, salvador e Senhor.  A fase final, sua volta gloriosa para dar plena realização ao reino. E existe ainda uma fase intermediária, que é a que estamos vivendo hoje: o período da espera.

Nessa fase a Igreja deve tornar visível a presença de Jesus que habita no meio de seu povo (Mt 28,20). Cabe a Igreja a tarefa de guiar os homens rumo a Deus, a absoluta vontade de Deus.

Consciente dessa missão da Igreja, Mateus se preocupa também em dar regras concretas para vida comunitária (Mt 18-19).  Nessa comunidade o que da sentido não é o poder, mas o amor, que deve se manifestar de forma concreta no perdão, “até setenta vezes sete (Mateus 18,21). É o amor que que faz ir ao encontro das ovelhas perdidas (Mt 18,12-14), sabendo que a vontade do Pai é que nenhum deles se perca.

Por isso a necessidade de rezar ao Pai em forma comunitária, nessa oração o próprio Cristo estará agindo  e intercedendo na Comunidade “onde dois ou tres estiverem reunidos em nome de Jesus ele estará no meio deles (Mt 18,20).

Aqueles que abraçam o reino se tornam íntimos de Jesus, uma vez que deixaram tudo para adquirir o reino “ o tesouro escondido no campo” receberam cem vezes mais aqui na terra e no céu com a vinda definitiva do mesmo (Mt 19,27-30).

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