Por que não se desenvolvem mais os carismas nos Grupos de Oração?

Hoje infelizmente estamos vivemos uma renovação que não é carismática, uma pergunta que tem me perturbado: Por que não se desenvolvem mais os carismas nos Grupos de Oração?

Podemos apontar várias causas que contribuem para que os carismas não ocorram nos Grupos de Oração. Sem tentar esgotar os motivos, consideramos as mais comuns:

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leia mais confira na íntegra

  1. a) A falta de fé no Espírito de Pentecostes:

Quando ela ocorre, invariavelmente estanca a vida carismática. Não parece que o Senhor seja pródigo no envio de seu Espírito quando não se crê que a realidade primitiva da Igreja invadida pelo Espírito Santo, possa acontecer também nos dias de hoje, na vida pessoal de cada um.

Quando não alimentamos em nós o desejo interior de receber a efusão do Espírito Santo, não haverá em nós interesse algum em pedir por ela. E, se isso acontece em quase todas as pessoas que participam de um Grupo de oração, ele acabará morrendo, depois de levar uma vida debilitada demais.

O mesmo seria preciso dizer daqueles que, sem razão, vão contra as claríssimas afirmações do Magistério da Igreja, já assinaladas anteriormente, nesta instrução. São aqueles que sustentam que os carismas foram privilégio exclusivo da Igreja primitiva. Todos esses argumentos e tomadas de posição repercutem de maneira muito desfavorável no surgimento e desenvolvimento dos carismas no Grupo de Oração

  1. b) O medo do Espírito Santo:

É o medo consciente ou inconsciente que a pessoa tem de entregar-se ativamente a seu sopro (cooperando com Ele). O próprio Jesus Cristo, no colóquio com Nicodemos (Jo 3), indica de maneira bastante clara o caráter de imprevisibilidade de sua ação. Portanto, colocar-se sob sua ação é viver um ato de fé, de confiança na sua providência. E isso há de nos fazer sair de nós mesmos e de nossos planos, deixando de fazer só o que gostamos, tendo de correr apenas os riscos que nós mesmos nos impomos. Viver assim é contar apenas com nossas próprias forças, confiando em que, com elas, podemos andar com tranqüilidade pelos caminhos espirituais, como se desconhecêssemos a afirmação do Senhor: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

  1. c) O medo do julgamento:

Todos nós dependemos, mais do que pensamos, do julgamento dos outros. Às vezes, até à escravidão. Evitamos ficar mal, ser julgados e condenados. Fazemos todos os esforços para manter uma imagem que nós mesmos fabricamos.

Então, como não ter medo do julgamento dos outros, mesmo praticando de maneira discreta o dom de orar em línguas ou outros carismas? O medo em relação ao julgamento alheio e até do nosso próprio, o pavor de nos considerarem ridículos, é algo que nos paralisa e nos faz prescindir dos dons do Espírito Santo e ocultá-los por mais discernidos que estejam e sejam usados com prudência humana e divina.

  1. d) Excesso de ordem e estrutura:

Claro que, como afrma São Paulo Deus é um Deus de ordem (1Cor 14,30) Na desordem não pode florescer qualquer coisa aceitável ou boa. Até mesmo a própria ação do Espírito Santo é obstaculizada e enfraquecida. As comunidades de Corinto, que Paulo repreende com energia, são um bom exemplo disso. Porém, uma coisa é a ordem discreta, e outra muito diferente é pretender regular de tal maneira o que se faz que só exista lugar para nós mesmos. É como se estivéssemos fechando as portas para o Espírito Santo, para sua ação. Como se tudo estivesse perfeito e acabado, sem espaço para coisa alguma.

No princípio a Renovação pecou por uma certa desordem, muitas vezes até acentuada. Podemos correr perigo no outro extremo. E, quando é assim, onde poderia agir o Espírito Santo com o derramamento dos seus carismas? Como dar lugar à sua atuação, tantas vezes imprevista e imprevisível? Não é fácil encontrar o justo equilíbrio que possa nos livrar de ambos os perigos. Devemos nos esforçar para consegui-lo, e podemos pedir por ele como fruto do Espírito Santo.

  1. e) A ignorância:

“Eis aqui a porta aberta pela qual entram os erros que desviam ou prejudicam a vida de um grupo de oração carismático. As conseqüências são lamentáveis: confusão entre intuição e palavra de conhecimento, tomar ao pé da letra as palavras das Escrituras, dedicar ao responsável uma obediência que só é devida a Cristo, atribuir ao Espírito Santo desejos que são nossos… Muitos grupos têm urgente necessidade de formação na autêntica vida do Espírito Santo e de ensinamento nos caminhos da vida espiritual.

  1. f) O “formulismo” ou “receitas de bolo”:

“A imagem do “carismático” logo se transforma em norma: um verdadeiro “carismático” deve bater palmas, gritar ‘aleluia!’ e ter sempre pronto uma expressão piedosa e mística. Nem sempre é fácil ser autêntico.

Do mesmo modo, na reunião de oração pode ocorrer uma espécie de ritual que muitas vezes não dá lugar à ação imprevista do Espírito Santo. Nesse caso existem apenas aparências carismáticas que se sucedem de maneira quase determinada, minuto a minuto, como uma sábia liturgia, na qual tudo está perfeitamente programado”[1].

  1. g) Falta de formação adequada dos dirigentes:

Acreditamos ser este o maior impedimento para o desenvolvimento normal e o crescimento dos carismas nas reuniões de oração.

Sabemos que os caminhos do Senhor freqüentemente cruzam com os caminhos dos homens. Sabemos também que Deus em sua providência, conta com as pessoas que aprenderam a ser dóceis ao Espírito Santo, que em geral receberam instrução sobre os caminhos do Senhor. Portanto, são pessoas capazes de agir como instrumentos para orientar e dirigir os outros.

No passado, essa missão de orientar a vida espiritual era reservada quase que com exclusividade aos mosteiros, aos formadores de noviços, a sacerdotes que tinham adquirido prestígio nessa arte espiritual.

Hoje, parece que a realidade é outra, ao menos com respeito à Renovação Carismática. São muitas as pessoas “sedentas” de Deus e que desejam progredir em seus caminhos. Por outro lado, nos Grupos de Oração a delicadeza no manejo dos carismas, a dificuldade que eles quase sempre oferecem, a atitude das próprias pessoas que são agraciadas com carismas, isto é, uma atitude fechada ou imprudentemente aberta, tudo isso faz com que seja necessária a presença de gente formada na vida do Espírito Santo e no discernimento. Neste campo ninguém pode, por conta própria, lançar-se à frente, expor-se e expor os outros a graves danos espirituais. A Igreja sempre teve grande cuidado e sempre olhou por este ministério, para não deixá-lo em mãos inexperientes.

  1. h) A fraqueza do louvor

Esta é uma causa, ou melhor, um impedimento para o aparecimento e o desenvolvimento dos carismas, em que são concordes boa parte dos estudiosos do tema. Por outro lado, são óbvias as razões para esta realidade.

O louvor desempenha um papel fundamental na Renovação Carismática, e de maneira concreta nos Grupos de Oração.

Se de fato é um louvor ardente, íntimo e profundo, mas prescinde dos abundantes e preciosos frutos que produz, teremos de considerar de modo especial a ação do Espírito Santo que nele se produz. Toda oração, toda comunicação com Deus, é comunicação com o Espírito Santo, realizada sob sua ação e por sua força. Na oração de louvor realizada por um grupo, por uma comunidade reunida com o fim expresso de louvar a Deus em Cristo, pelo Espírito Santo, é freqüente acontecer e fazer-se sentir essa poderosa atuação da presença do Espírito de Deus. Os carismas são manifestações perceptíveis dessa presença. Quando ela é intensa, indica que o Espírito Santo deseja fazer-se “tangível” pelo aparecimento ou manifestações que lhe são próprias: os carismas.

Portanto, o fato de não aparecerem os carismas, ou de serem infreqüentes e carentes de poder, em um grupo de oração de certo crescimento, indica que talvez o louvor seja apenas rotineiro, apagado, fraco. O louvor ardente, nascido do fundo da alma, marcado por um grande e íntimo desejo de louvar a Deus, não só mostra uma ação profunda do Espírito Santo, mas clama implicitamente para que Ele faça sentir sua presença de maneira poderosa, através dos carismas, para construir cada vez mais a comunidade em um ambiente de amor.

Acreditamos ser correta a expressão de um autor que, ao falar da ausência de carismas em certos grupos de oração, afirma que os carismas não ocorrem porque “não têm solo fértil onde possam geminar”. E o solo ao qual se refere é precisamente a oração de louvor pobre, fraca, sem alma.

O canto em línguas é uma forma de louvor. Quando a modalidade espontânea de oração em línguas toma a forma de um canto coletivo improvisado, em geral mostra grande beleza e uma impressionante intensidade religiosa para todos que a ouvem sem preconceitos.

A experiência nos mostra que o canto em línguas manifesta-se sob a força do Espírito Santo, quando é de fato autêntico, em momentos que não devem ser programados, mas que parecem exigir determinadas condições que favoreçam seu surgimento.

O louvor a Deus pela oração em 1ínguas transforma-se facilmente em canto em línguas. A oração em línguas, como um efeito que lhe é próprio, intensifica ainda mais a oração do coração e o desejo de entregarmos todo o nosso ser ao Senhor, no mais puro louvor. O Espírito Santo acrescenta então o desejo, provocando a iniciativa de mostrarmos a Deus o que Ele faz em nossa mais profunda intimidade. É nesse momento que os integrantes de um grupo de oração prorrompem no canto em línguas. Com freqüência é uma pessoa ou várias que dão início espontâneo ao canto, sendo então acompanhadas pelas outras. Isso ocorre por obra do Espírito Santo.

Há umas palavras de São Paulo aos Coríntios que abrem as portas para uma oração elevada ao Senhor, não com a mente, que analisa os conceitos e capta o sentido de tudo o que dizemos, mas com o espírito, de onde brotam a vontade, o afeto e a emoção diante do Deus que nos ama e nos salva. As palavras do apóstolo são estas: “Orarei com o meu espírito, mas cantarei também com a minha inteligência”. (1Cor 14,15).

Cantar com o espírito é deixar que nossa voz module melodias espontâneas, que brotam de dentro de nós, não pela força do pensamento, mas pelo anseio do coração, que deseja louvar a Deus.

[1] Muhle, H, in Espiritu, Carisma, Liberacioon, Secretariado Trinitário, Salamanca – 1976, p. 252 – 253

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