Os três degraus da vida espiritual

Encontrando a moeda perdida, voltando ao primeiro amor!

Os três degraus da vida espiritual e as três atitudes que devemos tomar para recuperar a vida interior.

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(Lucas 15.8) E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende a lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la?

Vamos ver nessa parábola contada por Jesus a história de uma mulher que tinha dez moedas de prata e perdeu uma. De acordo com a cultura judaica as noivas entravam com uma coroa em sua cabeça e nelas continham dez moedas. As moedas representavam as virtudes e a honra da noiva, perder qualquer uma delas seria para a mesma e sua família sinal de desonra. Por isso ao perceber que lhe faltava uma preciosa moeda aquela mulher toma três atitudes.

  1. Acender a lâmpada, 2. varrer a casa, 3. procurar atentamente até encontrar.

Essas três atitudes revelam os padres da Igreja que são também as três fases da vida Espiritual, ao qual todos somos chamados a progredir, até chegar a perfeição da santidade.

Diante da perca a primeira atitude da mulher foi: Acender a lâmpada.

A primeira fase da vida espiritual é chamada de via iluminativa.

A via iluminativa é o Batismo no Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo é chamado de experiência de iluminação, nela Deus acende em nós o fogo do seu amor e assim podemos ver as trevas que existem em nós.

  1. Sintomas via iluminativa. Nova abertura para a graça, gosto pela Palavra, pela oração, sacramentos. Aumenta o desejo de santificação, de aquisição de virtudes, e o desejo da contemplação. Há um saborear, degustar, experimentar a presença de Deus e sua ação em nós. Somos tocados pelo amor, amizade, misericórdia de Deus. Fazemos a experiência da admiração, do gosto, da aspiração por Deus, como também fazemos descobertas espirituais, adquirimos conhecimentos novos, sensibilidade pelo mistério. O desejo de servir melhor o próximo, de pregar a Palavra, de transmitir a experiência do amor de Deus, tornam-se mais intensos.

A via iluminativa se caracteriza pela fascinação por Deus, pelo gosto e descobertas místicas. A pessoa tem desejo de entrega e doação de si, de amor à cruz, sensibilidade fraterna, de direção espiritual, de amor ao Espírito Santo com seus dons e frutos. A paz e a serenidade interior, o amor a Maria e aos santos, o estímulo para a oração e para serviço aos irmãos, especialmente aos pobres, são frutos da via iluminativa.

Depois o Espírito Santo que nos traz paz começa a não nos deixar mais em paz, São Paulo ensina e exorta: “Eu vos exorto: deixai-vos sempre guiar pelo Espírito, e nunca satisfaçais o desejo da carne. Pois o que a carne deseja é contra o Espírito, e o que o Espírito deseja é contra a carne: são o oposto um do outro, e por isso nem sempre fazeis o que gostaríeis de fazer.” (Gl 5,16-17).

Começamos a avançar para o segundo degrau da vida Espiritual a via purgativa. 

O Espírito Santo começa a realizar sua obra de santificação para isso precisamos vencer o pecado que existe em nós. “Pois, se viverdes segundo a carne morrereis; mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis” (Rm 8,13).

Para isso precisamos fazer uma faxina grossa em nossa alma.  Essa foi a segunda atitude daquela mulher depois que acendeu a luz ela começou a varrer à casa, retirando toda a sujeira.

A via purgativa. É a etapa da purificação do coração, do combate ao pecado, da constante conversão. A etapa purgativa, significa limpeza, penitência, noites escuras, provações e chama-se também de ascese. Quer dizer, a subida até Deus, requer o desapego criaturas, e a descoberta de quem somos nós e de quem é Deus. A via purgativa se caracteriza pela dor, vergonha, arrependimento pelos pecados. Há uma compreensão da gravidade, do perigo, da crueldade do pecado, com o desejo de crescer, melhorar, santificar-se.

A ascese, a via purgativa equivale ao tomar a cruz de cada dia, entrar pela porta estreita, renunciar-se a si mesmo, adquirir sensibilidade espiritual com o desejo de ser livre do mal. Esta purificação atinge o entendimento, à vontade, a memória. Trata-se de ordenar os afetos desordenados, trabalhar o defeito principal, suportar tentações, aceitar provações, adquirir forças para agir contra o que afasta de Deus.

Via purgativa é “arrumar a casa”, trabalhar o ego profundo, curar feridas. Passa-se por experiências de desânimo, desolação, aridez. É necessário muita oração, leitura e direção espiritual, confissão para que seja extirpada a raiz do mal. Os frutos desta etapa são: o conhecimento de si, aproximação de Deus, amor ao próximo, humildade, crescimento nas virtudes.

Precisamos abraçar sem medo a cruz… “Os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, procedamos também de acordo com o Espírito”. (Gl 5,24-25).

Se ousarmos nos lançar nessa segunda escada, que infelizmente poucos a desejam por exigir um coração contrito e penitente, adentraremos ao limiar, a vida unitiva ou contemplativa, mística.

A via unitiva. É chamada de matrimônio espiritual da alma com Deus. Esta união é com a Santíssima Trindade. O silêncio, a solidão, a contemplação marcam a via unitiva, como também, experiência de luz e de obscuridade que leva para mais luz. A união com Deus é transparente, irradiante e simples. A pessoa evita os pecados pequenos, abandona-se confiantemente em Deus e desdobra-se em boas obras e cuidados pelo próximo. As virtudes teologais e morais são vividas com profundidade e inefabilidade. A alma é uma só coisa com Deus, como uma chama de duas velas.

É uma tomada de consciência do primeiro amor, que nos abre há uma maior efusão da caridade, do amor de Deus em nós. Os santos não se tornaram santos por causa de seus méritos eles se deixaram guiar, de abandonaram no Espírito. Vivendo a exortação de S. Paulo: “Eu vos exorto: deixai-vos sempre guiar pelo Espírito”.

Se perdemos a experiência do primeiro amor é necessário subir esses três degraus da vida interior, acender a lâmpada, fazer a casa e procurar atentamente até encontrar a moeda.  Aleluia!

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