Pegai as pequenas raposas! (Ct 2,15) Abandonando o primeiro amor.

O livro dos cântico dos cânticos é um livro de profunda espiritualidade, mais do que um romance do rei Salomão e sua amada, ele é uma revelação do amor de Deus a sua esposa a Igreja. 

Nessa ótica quero meditar sobre um texto fantástico que revela o porque muitos líderes estão perdendo o fervor espiritual e caindo no estado da tibieza.

Vamos ao texto: Pegai as raposas, as pequenas raposas que devastam as vinhas, pois nossas vinhas estão em flor (Cântico dos cânticos 2,15).

Pegai as raposas pequeninas! Abandonando o primeiro amor!

O autor fala das vulpes: É um gênero de Raposas da tribo Vulpini da família Canidae. Nele incluem-se várias espécies de tamanho médio ou pequeno. O gênero é amplamente distribuído pela ÁfricaEurásia e América do Norte. A espécie mais abundante é a raposa-vermelha (Vulpes vulpes).

O autor exorta: Caçai as raposas pequenas; e porque não as grandes?

É que das pequenas ficam despercebidas, e no entanto elas muitas vezes causam maior mal que as grandes.  As raposas devastam as vinhas, pelas escavações numerosas, que fazem secar as raízes.

Assim o autor nos exorta que as faltas pequenas, de que não se faz caso, impedem a chuva das graças divinas, sem as quais a alma permanece estéril, e acaba por se perder.

As faltas habituais, as pequenas brechas e negligências que extinguem em nós as moções do Espírito Santo, através dos bons desejos, que são as raízes da vida espiritual.

Diz ainda o texto: Porque a nossa vinha está em flor.

Que fazem as faltas veniais multiplicadas, que não lutamos para elimina-las?

O texto é claro: Devoram as flores, perdemos os desejos de alcançar um estado maior na vida da graça, e automaticamente os carismas somem.

Precisamos aprender na vida espiritual a olhar para as pequeninas coisas. 

São Gregório diz: que o hábito de cometer faltas veniais, ou negligenciar os meios para manter a unção, oração, sacramentos, penitências, atos de caridade… sem delas sentir remorso e sem pensar em corrigi-las, faz perder pouco a pouco o temor de Deus, e, uma vez perdido este temor, é fácil passar das faltas pequenas às grandes.

 

Por isso o Apóstolo nos faz esta advertência: Não deis entrada ao demônio (cf Ef 4,27). Ao espírito das trevas basta-lhe que comecemos a abrir-lhe a porta do nosso coração, deixando entrar nele sem escrúpulo faltas leves; porque depois ele a saberá abrir de par em par por faltas graves.

 

O diabo não arranca os homens fervorosos de uma vez, primeiro os faz cair no estado de tibieza e dali no precipício da inimizade de Deus.

Isto acontece, sobretudo com aqueles que estão engajados na missão do Senhor. Tomemos cuidado com o ativismo, ele explica o porque de muitos líderes fervorosos de ponta hoje estarem mornos, a beira do precipício da vida espiritual.

Muitas dessas almas tíbias com certeza não querem separar-se inteiramente de Jesus Cristo; querem até segui-lo, mas de longe, como fez São Pedro, quando o Senhor foi preso no jardim das Oliveiras. E sem perceberem muitos caem facilmente na desgraça de Pedro, que diante de uma frágil serva, negou estar em comunhão com o Senhor pela fé.

 

Precisamos compreender que não chegamos ao estado da tibieza de uma só vez, mas o tíbio cai em tal estado gradativamente. Uma exortação do profeta Zacarias vale para aqueles que não querem chegar a tal lastima da vida espiritual: Não despreza os pequenos começos! (cf Zc 4.10)

Por isso o Espírito Santo grita em nós: Pegai as raposas pequeninas! Elas te fazem perder a Experiência do primeiro amor!

Que Deus nos leve a uma profunda conversão interior, reparemos as brechas causadas por essas raposas, com disciplina, oração, mortificações…  Deus abençoe a todos a paz e pentecostes!

 

 

 

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