Sede santos porque vosso Deus é Santo (Levítico 19,2;20,6)

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Cada geração de cristãos deve redimir e santificar o seu tempo, sendo “sal da terra e luz do mundo” A nós, cristãos, compete anunciar nestes dias conturbados, ao mundo a que pertencemos e em que vivemos, a antiga e sempre nova mensagem do Evangelho do Evangelho com parresia (veja Atos 4,31).

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A todos os batizados, estejam onde estiverem, em momentos de exaltação ou de crise ou de derrota, devemos fazer chegar o anúncio solene e claro de S. Pedro, durante os dias que se seguiram ao Pentecostes: Jesus é a pedra angular, o Redentor, tudo da nossa vida, pois fora d’Ele não foi dado outro nome, aos homens, debaixo do céu, pelo qual possamos ser salvos (Atos 4,12). E para isso precisamos ser santos em toda nossa maneira de proceder.

Atrever-me-ei a dizer que sou santo? – perguntava a si mesmo Santo Agostinho – Se dissesse santo como santificador e não necessitado de ninguém que me santificasse, seria soberbo e mentiroso. Mas, se entendo por santo o santificado, segundo aquilo que se lê no Levítico: sede santos, porque Eu, Deus, sou santo (Lv 19,2), então também o corpo de Cristo, até ao último homem situado nos confins da Terra, poderá dizer ousadamente, unido à sua Cabeça e a ela subordinado: sou santo

Temos em nós um santificador, amemos a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade; escutemos na intimidade do nosso ser as moções divinas – alentos, censuras – ; caminhemos sobre a Terra dentro da luz derramada na nossa alma; e o Deus da esperança nos encherá de todas as formas de paz, para que essa esperança vá crescendo em nós cada vez mais, pela virtude do Espírito Santo.

Conduzidos pelo Espírito Santo!

Viver segundo o Espírito Santo é deixar que Deus tome posse de nós e mude os nossos corações desde a raiz, para os fazer à sua medida. Uma vida cristã madura, profunda e firme não é coisa que se improvise, porque é fruto do crescimento em nós da graça de Deus. Nos Atos dos Apóstolos, descreve-se a situação da primitiva comunidade cristã numa frase breve, mas cheia de sentido: perseveravam todos na doutrina dos Apóstolos e na comum fracção do pão e nas orações (Atos 2,42).

Assim viveram os primeiros cristãos e assim devemos viver nós: a meditação da doutrina da Fé, de modo assimilá-la, o encontro com Cristo na Eucaristia, o diálogo pessoal – a oração sem anonimato – face a face com Deus, hão-de constituir como que a substância última da nossa vida.

A qualquer cristão se aplica esta doutrina, porque todos estamos igualmente chamados à santidade. Não há cristãos de segunda classe, obrigados a pôr em prática apenas uma versão reduzida do Evangelho: todos recebemos o mesmo batismo e, embora exista uma ampla diversidade de carismas e de situações humanas, um mesmo é o Espírito que distribui os dons divinos, uma mesma a Fé, uma só a Esperança, uma só a Caridade.

Podemos, pois, ter por dirigida a nós mesmos a pergunta do Apóstolo: não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós? (1 Cor 3,16), e recebê-la como um convite a um trato mais pessoal e direto com Deus. Infelizmente, o Paráclito é para alguns cristãos o Grande Desconhecido, um nome que se pronuncia, mas que não é Alguém – uma das Três Pessoas do Único Deus – com Quem se fala e de Quem se vive.

Ora é indispensável ter com Ele familiaridade e confiança, cheia de simplicidade como nos ensina a sua Palavra “Nós e o Espírito Santo decidimos” (Atos 15,28). Assim conheceremos melhor Nosso Senhor e ao mesmo tempo compreenderemos melhor o imenso dom que significa ser cristão; veremos como é grande e verdadeiro o “endeusamento”, a participação na vida divina a que atrás me referi.

Porque o Espírito Santo não é um artista que desenha em nós a divina substância, como se lhe fosse alheio; não é assim que nos conduz à semelhança divina: é Ele mesmo, que é Deus e de Deus procede, que Se imprime nos corações que O recebem, à maneira de selo sobre a cera, e é assim, por comunicação de si mesmo e pela semelhança, que restabelece a natureza segundo a beleza do modelo divino e restitui ao homem a imagem de Deus.

Para vivermos uma profunda intimidade com o Espírito Santo devemos firmar-nos em três realidades fundamentais: docilidade, vida de oração, união com a Cruz.

Em primeiro lugar, docilidade – porque é o Espírito Santo que, com as suas inspirações, vai dando tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e obras. É Ele que nos impele a aderir à doutrina de Cristo e a assimilá-la em profundidade; que nos dá luz para tomar consciência da nossa vocação pessoal e força para realizar tudo o que Deus espera de nós. Se formos dóceis ao Espírito Santo, a imagem de Cristo ir-se-á formando, cada vez mais nítida, em nós e assim nos iremos aproximando cada vez mais de Deus Pai. Os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.

Se nos deixarmos guiar por esse princípio de vida, presente em nós, que é o Espírito Santo, a nossa vitalidade espiritual irá crescendo e abandonar-nos-emos nas mãos do nosso Pai Deus, com a mesma espontaneidade e confiança com que um menino se lança nos braços do pai. Se não vos tornardes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus, disse o Senhor. É este o antigo e sempre atual caminho da infância espiritual, que não é sentimentalismo nem falta de maturidade humana, mas sim maioridade sobrenatural, que nos leva a aprofundar as maravilhas do amor divino, reconhecer a nossa pequenez e a identificar plenamente a nossa vontade com a de Deus.

Em segundo lugar, vida de oração, “A oração não é tudo sé só 100%” porque a entrega, a obediência, a mansidão do cristão que geram a docilidade interior nascem do amor e para o amor caminham. E o amor conduz ao convívio, à conversação, à intimidade. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz.

Quem conhece as coisas que são do homem, senão o espírito do homem, que está nele? Assim também as coisas que são de Deus, ninguém as conhece senão o Espírito de Deus. Se tivermos assídua relação com o Espírito Santo, também nós nos faremos espirituais, nos sentiremos irmãos de Cristo e filhos de Deus, a Quem não teremos dúvida de invocar como Pai nosso que é.

Acostumemo-nos a conviver com o Espírito Santo, que é quem nos há-de santificar; a confiar n’Ele, a pedir a sua ajuda, a senti-Lo ao pé de nós. Assim se irá tornando maior o nosso pobre coração, e teremos mais desejos de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas. E nas nossas vidas reproduzir-se-á a visão com que termina o Apocalipse: o Espírito e a Esposa, o Espírito Santo e a Igreja – e cada um dos cristãos – dirigem-se a Jesus Cristo, pedindo-lhe que venha, que esteja conosco para sempre (Ap 22,17).

Por último, união com a Cruz. Porque, na vida de Cristo, o Calvário precedeu a Ressurreição e o Pentecostes, e esse mesmo processo deve reproduzir-se na vida de cada cristão: somos – diz-nos S. Paulo – co-herdeiros de Cristo; mas isto, se sofrermos com Ele, para sermos com Ele glorificados. O Espírito Santo é o fruto da Cruz, da entrega total a Deus, de buscarmos exclusivamente a sua glória e de renunciarmos completamente a nós mesmos.

Só quando o homem, sendo fiel à graça, se decide a colocar no centro da sua alma a Cruz, negando-se a si mesmo por amor de Deus, estando realmente desapegado do egoísmo e de toda a falsa segurança humana, quer dizer, só quando vive verdadeiramente de Fé, é que recebe com plenitude o grande fogo, a grande luz, a grande consolação do Espírito Santo.

É então que vêm à alma essa paz e essa liberdade que Cristo ganhou para nós e que se nos comunicam com a graça do Espírito Santo. Os frutos do Espírito Santo são caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência, castidade; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Cor 3,17).

Assim em comunhão com o Espírito Santo, somos chamados a santificar o mundo, com nossas obras, com nossas vidas, e com nossa missão incansável de anunciar o Evangelho a toda criatura.

Texto de Josémaria Escrivá, com grifos meus. Tiradas do livro é cristo que passa. Paz e pentecostes!

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