A ORAÇÃO NA VIDA DOS PATRIARCAS

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A  ORAÇÃO NA VIDA DOS PATRIARCAS

Paz irmãos em Cristo! Estamos conhecendo e aprofundando a história dos patriarcas no curso Boa Semente, fazendo uma leitura espiritual: investigando a vida desses grandes homens da fé para descobrir o que Deus deseja falar aos nossos corações.  Estamos fazendo uma Lectio Divina que se resume em quatro momentos:  Leitura, meditação, oração e contemplação.   Meu papel como pedagogo é fomentar essa leitura através das chaves de entendimento da mesma, mas todo aprofundamento dependera de sua docilidade ao Espírito de Deus diariamente.

Hoje quero deixar uma leitura para aprofundamento, que poderá ser encontrado também no Catecismo da Igreja Católica nos parágrafos (2568 – 2589), intitulado “A revelação da oração no Antigo Testamento” uma leitura fantástica, desejo que você aperte bem os cintos, que vamos decolar no poder do Espírito Santo!

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CAPÍTULO I- A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO.

2566.O homem está à procura de Deus. Pela criação, Deus chama todo ser do nada à existência. “Coroado de glória e esplendor”, o homem é, depois dos anjos, capaz de reconhecer que “é poderoso o Nome do Senhor em toda a terra”. Mesmo depois de ter perdido a semelhança com Deus por seu pecado, o homem continua sendo um ser feito à imagem de seu Criador. Conserva o desejo daquele que o chama à existência. Todas as religiões testemunham essa procura essencial dos homens.

2567.Deus é o primeiro a chamar o homem. Ainda que o homem esqueça seu Criador ou se esconda longe de sua Face, ainda que corra atrás de seus ídolos ou acuse a divindade de tê-lo abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incessantemente cada pessoa ao encontro misterioso da oração. Essa atitude de amor fiel vem sempre em primeiro lugar na oração; a atitude do homem é sempre resposta a esse amor fiel. A medida que Deus se revela e revela o homem a si mesmo, a oração aparece como um recíproco apelo, um drama de Aliança. Por meio das palavras e dos atos, esse drama envolve o coração e se revela através de toda a história da salvação.

ARTIGO I: NO ANTIGO TESTAMENTO

2568.A revelação da oração no Antigo Testamento se insere entre a queda e a elevação do homem, entre o chamado doloroso de Deus a seus primeiros filhos: “Onde estás?… Que fizeste?” (Gn 3,9.13), e a resposta do Filho único ao entrar no mundo: “Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. A oração, dessa forma, está ligada à história dos homens, é a relação com Deus nos acontecimentos da história.

A criação – fonte da oração

2569.É sobretudo a partir das realidades da criação que se vive a oração. Os nove primeiros capítulos do Gênesis descrevem essa relação com Deus como oferenda dos primogênitos rebanho de Abel, como invocação do nome divino por Enós, como “caminhada com Deus”. A oferenda de Noé é “agradável” a Deus, que o abençoa e, por meio dele, abençoa toda a criação, porque seu coração é justo e íntegro; também ele caminha com Deus”  (Gn 6,9). Essa qualidade da oração é vivida por uma multidão de justos em todas as religiões.

Em sua Aliança indefectível com os seres vivos, Deus sempre convida os homens a orar. Mas é sobretudo a partir nosso pai Abraão que a oração é revelada no Antigo Testamento.

A promessa e a oração da fé

2570.Assim que Deus o chama, Abraão parte, “como lhe disse o Senhor” (Gn 12,4); seu coração se mostra “submisso à Palavra” ele obedece. A escuta do coração que se decide segundo Deus é essencial à oração; as palavras lhe são relativas. Mas a oração de Abraão se exprime primeiro por atos: como homem de silêncio, ele constrói, a cada etapa, um altar ao Senhor. Somente mais tarde aparece sua primeira oração com palavras: uma queixa velada que lembra a Deus suas promessas que parecem não se realizar. Desde o começo aparece assim um dos aspectos do drama da oração: a provação da fé na fidelidade de Deus.

2571.Tendo acreditado em Deus, caminhando em sua presença e em aliança com ele, o patriarca está disposto a acolher em sua tenda o hóspede misterioso: é a admirável hospitalidade de Mambré, prelúdio da anunciação do verdadeiro Filho da Promessa. Por isso, tendo-lhe Deus confiado seu plano, o coração de Abraão está sintonizado com a compaixão de seu Senhor pelos homens, e ele ousa interceder por eles com audaciosa confiança.

2572.Como última purificação de sua fé, requer-se do “depositário das promessas” (Hb 11,17) que sacrifique o filho que Deus lhe dera. Sua fé não esmorece: “E Deus que proverá o cordeiro para o holocausto” (Gn 22,8), “pois Deus, pensava ele, é capaz também de ressuscitar os mortos” (Hb 11,19). Dessa forma, o pai dos que crêem se configurou ao Pai que não há de poupar seu próprio Filho, mas o entregará por todos nós.

A oração restaura o homem à semelhança de Deus e o faz participar do poder do amor de Deus que salva a multidão.

2573.Deus renova sua promessa a Jacó, pai das doze tribos de Israel. Antes de enfrentar seu irmão Esaú, ele luta uma noite inteira com “alguém” misterioso que se recusa a revelar-lhe o nome, mas o abençoa antes de o deixar ao despontar da aurora. A tradição espiritual da Igreja reteve dessa história o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança.

Moisés e a oração do mediador

2574.Logo que começa a se realizar a Promessa (a Páscoa, o Êxodo, a entrega da Lei e a conclusão da Aliança), a oração de Moisés é a figura surpreendente da oração de intercessão que se realizará no “único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1Tm 2,5).

2575.Também aqui Deus vem primeiro. É Ele quem chama Moisés do meio da sarça ardente. Esse acontecimento será sempre uma das figuras primordiais da oração na tradição espiritual judaica e cristã. De fato, se “o Deus de Abraão, Isaac e Jacó” chama seu servo Moisés, é porque Ele é o Deus Vivo que quer a vida dos homens. Ele se revela para salválos, mas não sozinho, nem apesar deles; chama Moisés para enviá-lo, para associá-lo sua compaixão, à sua obra de salvação. Há, por assim dizer, uma imploração divina nesta missão, e Moisés, depois de longo debate, conformará sua vontade com a de Deus salvador. Mas, nesse diálogo em que Deus se confia, Moisés também aprende a orar esquiva-se, objeta e principalmente pede. E é em resposta a sei pedido que o Senhor lhe confia seu Nome inefável, que se revelará em seus grandes feitos.

2576.”Deus falava com Moisés face a face, como um homem fala com outro” (Ex 33,11). A oração de Moisés é típica da oração contemplativa graças à qual o servo de Deus é fiel à sua missão. Moisés “conversa” muitas vezes e longamente com o Senhor, subindo à montanha para ouvi-lo e implorá-lo, e descendo ao povo para lhe repetir as palavras de seu Deus e guiá-lo. “Toda minha casa lhe está confiada. Falo-lhe face a face, claramente e não em enigmas” (Nm 12,7-8), pois “Moisés era um homem muito humilde, o mais humilde dos homens que havia na terra” (Nm 12,3).

2577.Dessa intimidade com o Deus fiel, lento para a cólera e cheio de amor, Moisés tirou a força e a tenacidade de sua intercessão. Não ora por si, mas pelo povo que Deus adquiriu. Já durante o combate com os amalecitas, ou para obter a cura de Míriam, Moisés intercede. Mas é sobretudo depois da apostasia do povo que “ele se posta na brecha”, diante de Deus (Sl 106,23), para salvar o povo. Os argumentos de si oração (a intercessão também é um combate misterioso) inspirarão a audácia dos grandes orantes do povo judeu e da Igreja: Deus é amor, por isso é justo e fiel; não se pode contradizer, deve lembrar-se de suas ações maravilhosas, sua Glória está em jogo, não pode abandonar o povo que traz seu nome.

Davi e a oração do rei

2578.A oração do povo de Deus florescerá à sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e, mais tarde, do Templo. São principalmente os guias do povo os pastores e os profetas – que o ensinarão a orar. Samuel, menino, teve de aprender de sua mãe Ana como “se portar diante do Senhor”, e do sacerdote Eli, como ouvir Sua Palavra: “Fala, Senhor, que teu servo ouve” (1Sm 3,9-10). Mais tarde, também ele conhecerá o preço e o peso da intercessão: “Quanto a mim, longe de mim esteja que eu venha a pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós e de vos mostrar o bem e o reto caminho” (1Sm 12,23).

2579.Davi é por excelência o rei “segundo o coração de Deus”, o pastor que ora por seu povo e em seu nome, aquele cuja submissão à vontade de Deus, cujo louvor e arrependimento serão o modelo da oração do povo. Como ungido de Deus, sua oração é adesão fiel à promessa divina, confiança cheia de amor e alegria naquele que é o único Rei e Senhor.

334 Nos Salmos, Davi, inspirado pelo Espírito Santo, é o primeiro profeta da oração judaica e cristã. A oração de Cristo, verdadeiro Messias e filho de Davi, revelará e realizará o sentido dessa oração.

2580.O Templo de Jerusalém, a casa de oração que Davi queria construir, será a obra de seu filho Salomão. A oração da Dedicação do Templo se apóia na Promessa de Deus e em sua Aliança, na presença ativa de seu nome entre o povo e a lembrança dos grandes feitos do Êxodo. O rei levanta então as mãos ao céu e suplica ao Senhor por si, por todo o povo, pelas gerações futuras, pelo perdão dos pecados, pelas necessidades de cada dia, para que todas as nações saibam que Ele é o único Deus e para que o coração de seu povo seja inteiramente dele. Elias, os profetas e a conversão do coração.

2581.O Templo devia ser para o povo de Deus o lugar de sua educação à oração: as peregrinações, as festas, os sacrifícios, a oferenda da tarde, o incenso, os pães da “proposição”, todos esses sinais da Santidade e da Glória de Deus, Altíssimo e tão próximo, eram apelos e caminhos da oração. Mas o ritualismo. arrastava muitas vezes o povo para um culto por demais exterior. Faltava à educação da fé, a conversão do coração. Foi a missão dos profetas, antes e depois do Exílio.

2582.Elias é o pai dos profetas, “da geração dos que procuram Deus, dos que buscam sua face”. Seu nome, “O Senhor é me Deus”, anuncia o clamor do povo em resposta à sua oração no monte Carmelo. S. Tiago nos remete a Elias para nos incitar à oração: “A oração fervorosa do justo tem grande poder”.

2583.Depois de ter aprendido a misericórdia em seu retiro á margem da torrente do Carit, ensina à viúva de Sarepta a fé na palavra de Deus, fé que ele confirma por sua oração insistente: Deus devolve à vida o filho da viúva. Por ocasião do sacrifício no monte Carmelo, prova decisiva para a fé do povo de Deus, foi por sua súplica que o fogo do Senhor consumiu o holocausto, “na hora em que se apresenta a oferenda da tarde”: “Responde-me, Senhor, responde-me!”, são as mesmas palavras de Elias que as Liturgias orientais repetem na Epiclese eucarística. Por fim, retomando o caminho do deserto para o lugar em que o Deus vivo e verdadeiro se revelou a seu povo, Elias se escondeu, como Moisés, “na fenda do rochedo”, até que “passasse” a Presença misteriosa de Deus. Mas somente na montanha da Transfiguração se revelará Aquele cuja Face buscam; o conhecimento da Glória de Deus está na face Cristo crucificado e ressuscitado.

2584.No “face a face” com Deus, os profetas haurem luz e força para sua missão. Sua oração

não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes um debate

ou uma queixa, sempre uma intercessão que aguarda e prepara a intervenção do Deus

salvador, Senhor da história.

OS Salmos, oração da assembléia

2585.Desde Davi até a vinda do Messias, os Livros Sagrados contêm textos de oração que atestam o aprofundamento cada vez maior da oração por si mesmo e pelos outros. Os salmos foram pouco a pouco reunidos numa coletânea de cinco livros: os Salmos (ou “Louvores”), obra-prima da oração no Antigo Testamento.

2586.Os Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como assembléia, por ocasião das grandes festas em Jerusalém e cada sábado nas sinagogas. Esta oração é inseparavelmente pessoal e comunitária; refere-se aos que oram e a todos os homens; sobe da Terra Santa e das comunidades da Diáspora, mas abrange toda a criação; lembra os acontecimentos salvíficos do passado e se estende até a consumação da história; recorda as promessas de Deus já realizadas e aguarda o Messias que as realizará definitivamente. Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são sempre essenciais à oração de Sua Igreja.

2587.O Saltério é o livro em que a Palavra de Deus se torna oração do homem. Nos outros livros do Antigo Testamento, as palavras proclamam as obras” (de Deus em favor dos homens) “e elucidam o mistério nelas contido”. No Saltério, as palavras do salmista exprimem, cantando-as a Deus, suas obras de salvação. O mesmo Espírito inspira a obra de Deus e a resposta do homem. Cristo unirá uma e outra. Nele, os salmos nos ensinam continuamente a orar.

2588.As expressões multiformes da oração dos Salmos tomam forma tanto na liturgia do Templo como no coração do homem. Quer se trate de um hino, de uma oração de aflição ou de ação de graças, de uma súplica individual ou comunitária, de canto de aclamação ao rei ou de um cântico de peregrinação, ou ainda de uma meditação sapiencial, os Salmos são o espelho das maravilhas de Deus na história de seu povo e das situações humanas vividas pelo salmista. Um Salmo pode refletir um acontecimento do passado, mas é de uma sobriedade tão grande que pode ser rezado na verdade pelos homens de qualquer condição e em qualquer tempo.

2589.Os Salmos são marcados por características constantes: a simplicidade e a espontaneidade da oração, o desejo do próprio Deus através de e com tudo o que é bom em sua criação, a situação desconfortável do crente que, em seu amor preferencial ao

Senhor, está exposto a uma multidão de inimigos e tentações e, na expectativa do que fará o Deus fiel, a certeza de seu amor e a entrega à sua vontade. A oração dos Salmos é sempre motivada pelo louvor, e por isso o título desta coletânea convém perfeitamente ao

que ela nos oferece: “Os Louvores”. Feita para o culto da Assembléia, ela anuncia o convite à oração e canta-lhe a resposta: “Hallelu-Ya”! (Aleluia), “Louvai o Senhor”!

Haverá algo melhor do que um Salmo? É por isso que Davi diz muito acertadamente: “Louvai o Senhor, pois o Salmo é uma coisa boa: a nosso Deus, louvor suave e belo!” E é verdade. Pois o Salmo é bênção pronunciada pelo povo, louvor de f pela assembléia, aplauso de todos, palavra dita pelo universo voz da Igreja, melodiosa profissão de fé..

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