O cristão camaleão 2 – continuando a reflexão.

 

O Camaleão é um lagarto do gênero Anoles, em seu instinto ele muda de cor para se defender. É pardacento em cima do tronco da árvore e esverdeado entre a folhagem. O mimetismo é a arma que ele usa para proteger a sua fragilidade. O camaleão usa dessa arma para enganar os inimigos e capturar as presas.

Por causa do seu mimetismo, vários homens espirituais começaram a comparar o camaleão, com os fariseus. Os fariseus eram constantemente acusados por Jesus, de hipocrisia. Jesus alertou seus discípulos: “Vigiai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.” (Luc. 12.1)

Hipocrisia deriva do latim e do grego e significava a representação no teatro, dos atores que usavam máscaras, de acordo com o papel que representavam em uma peça. Por isso era tão criticada por Jesus, o hipócrita é aquele que na fé vive de fingimento, falsidade; de fingir sentimentos, crenças, virtudes, que na realidade não possui.  Por isso podemos compreender que ser um cristão camaleão é o cúmulo do ridículo. O cristão camaleão é aquele que muda de opinião segundo o interesse do momento, a sua vida é um “eterno” carnaval porque está sempre fantasiado de palhaço.

Leão XIII já condenava o comportamento de muitos cristãos hipócritas:

“A pior coisa dentro da Igreja Católica é a fraqueza da maioria dos seus membros; são pessoas fracas, ficam de braços cruzados deixando os inimigos invadirem tudo, enquanto os bons cruzam os braços, os bandidos vão criando forças e destruindo tudo: “Recuar diante do inimigo, ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem medroso ou de quem vacila no fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé, porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons” (Sapientiae Christianae, Leão XIII).

Como percebemos em nossas comunidades existem muitos cristãos camaleão. Nas escolas, nas faculdades, no trabalho. Muitos jovens para não perder amigos, evitam se posicionar, diante dos professores que muitas vezes zombam de nossa fé, se calam, diante de um namoro que tende para o hedonismo, se deixam levar abandonando as virtudes da castidade, por medo de serem zombados e excluídos. Muitos pais de família aceitam a corrupção no trabalho por medo de perder o emprego, os cristãos camaleão, aceitam calados as mentiras do mundo em sua espiritualidade.

MEU IRMÃO SERÁ QUE VOCÊ NÃO É UM CRISTÃO CAMALEÃO?

Quanta diferença, percebemos na espiritualidade dos primeiros cristãos para os dias de hoje. Os primeiros cristãos eram convictos, possuíam uma identidade e não abriam a mão de seus valores de sua fé por nada. Mesmo que isso lhe custassem a vida.  Nas palavras de Pedro e João encontramos um eco na vida dos cristãos nos primeiros séculos da Igreja:

“Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.” (Atos 4,20). Infelizmente o cristão que se torna camaleão se transforma de um testemunho fiel de Cristo a um covarde.

Na época dos mártires, os que balançavam na fé eram considerados apóstatas. E eu às vezes me pergunto: se neste nosso tempo as pessoas mascaram a sua fé pelo simples temor de uma gozação, que aconteceria se vivessem na época de Nero ou de Diocleciano, quando confessar a fé significava perder a vida? Sem dúvida, a apostasia – disfarçada de “jeitinhos” e “jogos de cintura” – converter-se-ia em verdadeira doença epidêmica” (Dom Rafael Lhano Cifuentes).

A doença do cristão camaleão!

O cristão não foi chamado para ser camaleão, mas sal da terra e luz do mundo. Não fomos chamados para ser covardes, mas ousados e corajosos na fé. Se todos os cristãos fossem realmente convictos, influenciaríamos essa geração, e “Não haveria mais nenhum pagão, se nos comportássemos como verdadeiros cristãos” (São João Crisóstomo).  A paz e pentecostes, não seja um cristão camaleão.

 

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