O mundo foi feito em 6 dias?

Vamos entender a Bíblia!  O mundo foi feito em 6 dias?

Ao ler a Sagrada Escritura temos que ter o cuidado para não lermos de forma fundamentalista e por outro lado racionalista, a Bíblia é um livro de fé e deve ser lida sobretudo de forma teológica. Confira essa breve reflexão na íntegra!

Antigamente a narração bíblica sobre a criação do mundo e do homem não oferecia nenhum problema: os antigos consideravam como realmente históricos os acontecimentos narrados em Gn 1-11.

Na Idade Média, a narração da criação segundo o livro do Gênesis foi considerada alegórica, de modo geral. Hoje em dia, porém, a ciência levanta dificuldades quanto à historicidade da narração e mostra que muitas afirmações são anticientíficas, como, por exemplo, o aparecimento das plantas antes do sol (Gn 1,11-18). A visão bíblica e a visão científica são até opostas.

Segundo a Bíblia, a criação foi obra perfeita: “Deus viu que a luz era boa… Deus viu que era bom” (Gn 1,4.10.12.18.21.25.31). Em Gn 1,31 é dito que “Deus viu tudo o que fizera, e eis que estava muito bom” (grifo nosso). Para a Bíblia o homem aparece já feito, perfeito e feliz. O que estragou esse estado de perfeição foi o pecado, segundo Gn 3.

Segundo a ciência, porém, a perfeição não é própria das origens; na origem há imperfeição, e a perfeição é alcançada através de uma evolução natural. Daí, a perfeição a que se refere à Bíblia só pode ter sido alcançada mais tarde. (Nesse sentido o pecado, relatado na  Bíblia em Gn 3 como queda de um estado de perfeição anterior, é visto por alguns estudiosos não como erro, pecado, mas como passo à frente na busca da perfeição: o homem quis conhecer mais, saber mais, avizinhar-se da total liberdade!)

Hoje o relato bíblico sobre as origens não é mais aceito, incondicionalmente, como documento histórico. A narração bíblica passou pela crítica científica, exegética, histórica e literária; temos hoje bem clara e bem definida a intenção do autor ao escrever isso. Hoje temos a síntese. Antigamente toda a narração era considerada histórica; na Idade Média, alegórica. Hoje sabemos que é narração essencialmente teológica, baseada nas tradições do povo, na cultura do Antigo Oriente e principalmente na fé.

Há, porém, muitos que apressadamente julgam ainda a narração bíblica de ontem com os critérios científicos de hoje. E atribuem à Bíblia erros que ela não comete, pois ela não faz ciência, mas teologia. Desconhecer isso e julgar o autor bíblico como anticientífico é cometer erro maior do que aquele que se atribui a ele.

Nesse sentido encontramos no relato da criação varias alegorias com significado teológico:

Deus é criador, o Espírito de Deus que da forma ao caos, o homem que é criatura e recebe o sopro divino, a serpente que é o demônio que tenta o homem, o livre arbítrio, o pecado, o julgamento, a nudez como vergonha produzida pelo pecado, a luz em oposição as trevas, a mulher como auxiliar do homem…  Faça a experiência de ler a Sagrada Escritura em sua dimensão espiritual fazendo uma lectio divina (leitura orante) e mergulharemos em realidades profundas.

Aula do curso Boa Semente, ideias centrais tirado do livro:  Bíblia perguntas que o povo faz, Frei Mauro Strabeli pag 23

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