Secretário do Papa: ‘Se a Igreja abandonar as pessoas durante a pandemia, será também abandonada’

Quo Vadis?": a história da fuga de São Pedro de Roma e seu retorno ...

Para onde vais, Senhor?
É um episódio atribuído ao apóstolo Pedro que, segundo a tradição, fugiu de Roma para escapar das perseguições de Nero, e à margem da estrada teria encontrado Cristo, que carregava uma cruz nos ombros e ia no sentido contrário, na direção de Roma. Pedro perguntou então ao Senhor Jesus: “Domine, quo vadis?” E a resposta foi: “Eo Romam iterum crucifigi” – Vou a Roma, para ser crucificado novamente. Pois, se todos fogem acovardados e não pregam o Evangelho, o todo o Sacrifício do Senhor torna-se vão. Pedro compreendeu de imediato que tinha que voltar para Roma, cumprir sua missão e enfrentar o martírio.

É claro que, humanamente falando, Pedro tinha todo o direito de fugir, para salvar a sua vida da perseguição e talvez até fundar outras comunidades e outras igrejas; mas, na realidade, ele estava agindo de acordo com a lógica do mundo. As pessoas sempre querem agir conforme Satanás, ou seja, pensando como homens e não segundo Deus. O Evangelho retrata que um dia Jesus, voltando-se, dissera a Pedro: “Para trás de Mim, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.” (Mc 8, 33).

Cristo, no Evangelho de João, ao falar do “Bom Pastor” e do mercenário, chama a Si mesmo “Bom Pastor”, que não apenas cuida das ovelhas, mas conhece-as pessoalmente e se preciso dá até a própria vida por elas. Jesus é o “guia” seguro das pessoas que procuram o caminho que conduz a Deus e aos irmãos. Na epidemia do medo que todos estamos enfrentando – causada pela pandemia do Corona Vírus, todos corremos o risco de nos comportarmos como mercenários e não como pastores.

Não podemos e não devemos julgar, mas vem-nos à mente a imagem de Cristo, que encontra Pedro assustado e iludido, não para o censurar, mas para ir morrer em seu lugar. Pensamos em todas as almas amedrontadas e abandonadas porque nós, pastores, seguimos as instruções civis – o que é correto e certamente necessário neste momento, para evitar o contágio – mas corremos o risco de deixar de lado as instruções divinas – o que é um pecado.

Pensamos como homens e não segundo Deus, colocamo-nos entre os assustados e não entre os médicos, os enfermeiros, os voluntários, os corajosos trabalhadores e pais da família que estão na linha de frente.

Penso nas pessoas que vivem alimentando-se da Eucaristia, porque acreditam na Presença Real de Cristo na Sagrada Comunhão. Penso nas pessoas que agora devem se contentar com seguir a transmissão da Missa em streaming... Penso nas almas que precisam de conforto espiritual e de se confessar. Penso nas pessoas que certamente abandonarão a Igreja quando esse pesadelo acabar, porque a Igreja as abandonou quando precisavam.

É bom que as igrejas permaneçam abertas. Os padres devem estar na linha de frente. Os fiéis devem encontrar coragem e conforto olhando para os pastores. Os fiéis devem saber que, a qualquer momento, podem correr a refugiar-se nas igrejas e paróquias e encontrá-las abertas e prontas para os acolher. A Igreja deve se achegar às pessoas também através de um “número verde” para o qual a pessoa possa ligar para ser consolada, pedir e combinar uma confissão, para receber a Sagrada Comunhão, ou para que seja dada a seus entes queridos.

Devemos aumentar as visitas às casas, casa por casa, usando as precauções necessárias para evitar o contágio; nunca nos fechando, mas sim vigiando. Caso contrário, acontece que são entregues nas casas as refeições – as pizzas – mas não a Comunhão, especialmente às pessoas idosas, doentes e carentes.

Acontece que os supermercados, os quiosques e as tabacarias permanecem abertos, mas não as igrejas. O Governo tem o dever de garantir cuidado e apoio material às pessoas, mas nós temos o dever de fazer o mesmo com as almas. Que nunca se diga: “Eu não vou a uma igreja que não me veio visitar quando eu precisava”.

Portanto, apliquemos todas as medidas necessárias, mas não nos deixemos condicionar pelo medo!

POR ALGUM MOTIVO, pouco se falou no assunto, mas foi divulgada uma carta que o Padre Yoannis Lahzi Gadi (foto), secretário do Papa Francisco, enviou a um grupo de sacerdotes, com a aprovação do Papa. Trata-se de um importante apelo para que todos os sacerdotes abandonem a epidemia do medo (bem mais grave que a epidemia real) e comecem com urgência a agir segundo a lógica de Deus e não segundo a lógica dos homens.
Peçamos a Graça e a coragem de nos comportarmos segundo Deus e não segundo os homens!


Don Yoannis Lahzi Gadi

– Ler a Carta no original em italiano

Fonte: Senza Pagare, com a Cúria Diocesana de Sto. André

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