O morno eu vomitarei! (Ap 3, 15-16)
O morno eu vomitarei!
(Ap 3, 15-16) “…Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca”.
Curando o mal da tibieza, leia mais confina na íntegra
A Igreja de Laodicéia era uma Igreja abastada, as circunstâncias em que a mesma vivia puderam contribuir para o estado de Tibieza ao qual exorta o Senhor. Essa exortação recorda a mesma tentação que sofreu Israel nos momentos de prosperidade: quando tudo corria bem, o povo esquecia-se de Deus e caía numa vida relaxada e mole (cf. Jr 2.12-13). Nas proximidades da cidade de Laodicéia existiam águas termais, águas mornas, então o Senhor que conhece a Igreja usa desse pano de fundo as águas mornas para exortar sobre o perigo da tibieza.
A tibieza ou fraqueza da vontade é o grande inimigo da perseverança e do progresso no cristão. Um sintoma degenerativo que lentamente minam nossas forças e nos impedem de viver no fervor do primeiro amor.
Mas afinal o que é a tibieza?
A tibieza de acordo com os padres da Igreja é uma doença espiritual que atinge aqueles que após uma experiência inicial do (Batismo no Espírito Santo) deixam de progredir, por causa de uma diminuição de fervor e relaxamento nas praticas básicas da vida cristã: Comunhão eucarística, vida de oração, leitura assídua da palavra de Deus, perseverança nos grupos de oração, busca dos sacramentos, vigilância nas tentações, desejo de estar na missão.
Consiste a tibieza numa espécie de relaxamento espiritual, que amortece as energias da vontade, inspira horror ao esforço e conduz assim ao afrouxamento da vida cristã. Pode-se comparar a essas doenças de definhamento que gradativamente enrijecem os músculos até paralisa-los.
O tíbio vive em uma roda gigante, oscilando entre a virtude e o vício, com a mesma intensidade que deseja evitar pecados sendo fiel em tudo, caí desesperadamente em faltas diárias por lhe faltar firmeza de vontade, o Tíbio não consegue se decidir pela radicalidade é medíocre, morno. Gostaria de ser santo, mas carregado pelos outros. Assemelha-se ao preguiçoso que quer e não quer.
Causas da tibieza
Duas são as causas principais que contribuem para o seu desenvolvimento: O apetite reduzido, e a concessão de pecados veniais.
- Para viver e progredir na vida espiritual o Cristão necessita de uma boa alimentação espiritual;
Ora, o que a alimenta são os diversos exercícios: meditações, leituras, orações, exames, cumprimento dos deveres de estado, prática das virtudes, que a põem em comunhão com Deus, fonte da vida sobrenatural. Se a alma, por conseguinte, faz com negligência esses exercícios, se se entrega voluntariamente às distrações, se não reage contra a rotina em sua praticas diárias, o mesma priva-se, por isso mesmo, de muitas graças, quando não alimentamos enfraquecemos, e enfraquecidos falta-nos força para realizar as tarefas vitais diárias da alma.
- A concessão de pecados veniais.
Lembre-se de Sansão (cf Jz 13-16), porque Sansão perdeu a sua força? Por causa das brechas mediante a sua consagração. Santa Teresa dizia: “Esses pecados são como vermes que não se deixam conhecer enquanto não roerem as virtudes em nós”. Com as coisas pequenas o demônio vai abrindo buracos onde entram as coisas grandes”. Quando abrimos concessão às tentações da carne vão apagando em nós gradativamente o fogo do primeiro amor. Como estão mal guardadas as portas da alma, facilmente se abrem os sentidos internos e externos às sugestões perigosas da curiosidade e sensualidade, multiplicam-se os pecados veniais, causando esfriamento e no final a tibieza.
A tibieza “kbçuam”, que impede nossa santificação, deve ser combatida com fervor.
Os perigos da tibieza
1.° O primeiro efeito da tibieza é uma espécie de cegueira da consciência: O tíbio peca e vive com uma consciência laxa, como se vivesse o apagão, não percebe o perigo que lhe ronda.
2.° O enfraquecimento progressivo da vontade. Reza-se menos, tem menos animo e motivação, o que era graça se torna fardo.
3º Perde-se a força para dizer não a tentação, a vontade fica frouxa. Sede-se facilmente as tentações.
4º O coração se torna insensível as inspirações do Espírito Santo. Nesse nível o tíbio deixa de viver no Espírito e passa a viver na carne.
Os remédios da tibieza
A Sagrada Escritura indica estes remédios: (Ap 3,18-19) “Aconselho-te que me compres ouro acrisolado no fogo, para te enriqueceres (o ouro da caridade e do fervor), e roupas brancas, para te vestires e não aparecer à vergonha da tua nudez (pureza de consciência), e um colírio para os teus olhos, para poderes ver (a franqueza consigo mesmo e com o próprio confessor).
O Senhor nos exorta sobre a Tibieza porque nos ama!
Porque aqueles que eu amo, repreendo-os e corrijo-os; arma-te, pois, de zelo e faz penitência. Eis que eu estou de pé à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 18-20).
Se você lendo percebeu que esta sobe o domínio dessa enfermidade, acalme-se… Nunca se deve, pois, desesperar; Jesus está inteiramente disposto a nos restituir a sua amizade e até mesmo a sua intimidade, se nos convertermos. Para isso:
1.° É necessário recorrer a confissão, expondo a ferida que esta aberta, para receber o remédio do sacramento e os curativos, os conselhos do sacerdote ou de um diretor espiritual.
2.° Volte as praticas fervorosas dos exercícios espirituais: oração, o exame de consciência e o oferecimento frequentemente renovado das obras.
É por este caminho que se voltará ao fervor; voltando ao primeiro amor. Que Deus lhe abençoe a paz e pentecostes!