O papel do fiel leigo no mundo!
Estamos vivenciando o ano nacional do laicato no Brasil. O tema escolhido para animar a mística do ano do laicato foi: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino” e, o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14).
Mas afinal, quem é o fiel leigo e seu papel no mundo?
Confira esse ensino na íntegra:
A vocação laical corresponde aos fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo, buscam a santidade, seja pela via do matrimônio ou da virgindade perpétua. Este termo “leigo”, popularmente refere-se a alguém ignorante em certo assunto, por exemplo, “fulano é leigo em política”. Porém, a raiz da palavra LEIGO está na palavra POVO, isto é, significando então pertença a um povo, no caso do cristão leigo, a pertença ao povo de Deus. Nota-se que dentro do crescimento histórico do cristianismo – expansão e institucionalização da igreja – os fiéis leigos passaram a ser literalmente o “povão”, os “ignorantes” com relação à fé, dependentes da hierarquia.
Com o advento da modernidade, as dificuldades do século XX, chega então o concílio do vaticano II, que foi e, é um sopro do Espírito sobre a Igreja a fim de renová-la e atualiza-la. E nesse atualizar-se para o mundo, a Igreja vai nos dizer quem é o fiel leigo.
O leigo é Igreja, plenamente Igreja. Todas as vocações eclesiais derivam única e exclusivamente do batismo, pois no batismo é que o fiel é inserido ao corpo místico de Cristo, a Igreja. Sendo assim a vocação de ser leigo não supera e nem é superada pelas demais vocações, é simplesmente uma forma diferente de ser Igreja. Não é função leiga presidir a celebração eucarística, ou viver em um convento, mas é sua função ser assembleia durante a celebração e ser sal e luz onde quer que esteja no mundo.
Porém, algo precisa ser dito, a vocação leiga precede a clerical e a consagrada, pois só existirá um ordenado e um consagrado, se antes um casal de
leigos se unirem em matrimônio. Eis a beleza em ser um fiel leigo. Na constituição dogmática Lumen Gentium n° 31, a Igreja nos diz: “Por vocação
própria compete aos leigos, procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus.” Ou seja, o leigo está no mundo, vive no mundo, mas não pode viver para o mundo, mas sim estando nele e, nele orientar tudo para Deus.
A exortação apostólica de João Paulo II sobre os leigos, Christifideles Laici nº 15, comentando o lema do ano do laicato (Mt 5,13-14), nos diz: “embora as figuras evangélicas do sal e da luz se refiram indistintamente a todos os discípulos de Jesus, elas têm uma específica aplicação nos fiéis leigos, por causa da sua inserção no mundo”, em profunda harmonia com o ensinamento da Lumen Gentium 31.
O Papa Pio XII disse que: “os fiéis leigos estão na linha mais avançada da Igreja, ou seja, entre o povo, graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana”. O leigo é então, a ponta de lança da evangelização da Igreja e isso acontece principalmente pelo testemunho da vida. O leigo deve então, levar a sociedade à comtemplar Deus e, a partir de seu testemunho de vida estarão cumprindo a palavra
do Senhor: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. E já que estão inseridos em todas as parcelas sociais, três delas merecem atenção principal: A área profissional, a área familiar e a área eclesial.
Concluo esta breve reflexão sobre os fiéis leigos citando o Parágrafo 21, AD GENTES:
“A Igreja não está fundada verdadeiramente, nem vive plenamente, nem é o sinal perfeito de Cristo entre os homens se, com a hierarquia, não trabalhar um laicato autêntico.”
A Igreja conta conosco (os leigos) para ordenarmos o mundo presente para Deus, por isso é necessário uma consciência nova e também de um desejo novo de empreender a nossa vida como fiéis leigos esforçando-nos cada dia mais por sal da terra e luz do mundo.
Ângelo José Roncali de Faria Costa, 22 – leigo membro da Comunidade Javé Nissi.