O CORAÇÃO DE UM LÍDER DE JOVENS


O coração de um jovem que experimentou o fogo do amor de Deus se divide nessas duas perspectivas: de um lado a alegria do início do ministério e, ao mesmo tempo, o peso das responsabilidades; o fascínio da chamada e as exigências comprometedoras que ela comporta….

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Confira nessa meditação, uma reflexão sobre essa tensão de ser um líder de jovens, nela apresento três caminhos (Rezar sempre, caminhar sem desistir e partilhar o coração) para ultrapassarmos as barreiras e vencermos em Cristo.  FOGO!

O coração de um jovem vive entre o entusiasmo dos primeiros projetos e a preocupação pelas fadigas apostólicas, nas quais se imerge com um certo receio, o que é sinal de sabedoria. Ele sente profundamente a alegria e a força da unção recebida, mas gradualmente os seus ombros começam a ser sobrecarregados pelo peso da responsabilidade, pelos numerosos compromissos exigidos e pelas expetativas da comunidade.

Que crise!

Do que necessita para que os seus pés, que correm para levar a boa nova do Evangelho, não se paralisem diante dos medos e das primeiras dificuldades, abandonando não só o próprio ministério que descobriu com tanta alegria, mas a experiência viva do primeiro amor?

Refletia Bento XVI: “Devemos admitir que, com frequência, os jovens são julgados de forma um pouco superficial e muito facilmente são etiquetados como geração “líquida”, desprovida de paixões e de ideais. Certamente, existem jovens frágeis, desorientados, fragmentados ou contagiados pela cultura do consumismo ou do individualismo. Mas isto não nos deve impedir de reconhecer que os jovens são capazes de apostar “firmemente” na vida e de se envolver com generosidade; de fixar o olhar no futuro e de ser, deste modo, um antídoto contra a resignação e a perda de esperança que marca a nossa sociedade; de ser criativos e fantasiosos, corajosos na mudança, magnânimos quando se trata de se prodigalizar pelos outros ou por ideais como a solidariedade, a justiça e a paz. Com todos os seus limites, eles são sempre um recurso”.

É fascinante na Escritura ver que Deus não tem receio de chamar um jovem para exercer a liderança de seu povo, o Senhor confia nos mesmos e  envia-os para a missão. Citarei alguns exemplo:

1º Samuel: Enquanto «a palavra do Senhor era rara naqueles dias» (1 Sm 3, 1), porque o povo se tinha pervertido e já não escutava a voz do Senhor, Deus dirige-se ao jovem Samuel, um pequeno “ajudante do Templo” que se torna profeta para o povo (cf. 1 Sm 3, 1-10).

2º Davi: Depois, o olhar do Senhor, indo além de qualquer aparência, escolhe Davi, o mais pequenino entre os filhos de Jessé, e unge-o como rei de Israel (cf. 1 Sm 16, 1-13).

3º Jeremias: A Jeremias, preocupado por ser demasiado jovem para a missão, o Senhor garante: «Não digas: “Sou apenas uma criança” porque estarei contigo” (Jr 1, 1.8).

Inclusive dos Evangelhos podemos aprender que a escolha do Senhor recaiu sobre os pequeninos, e a missão de anunciar o Evangelho, confiada aos discípulos, não se baseia na grandeza das forças humanas, mas na disponibilidade a deixar-se guiar pelo dom do Espírito.

Esse é o critério de Paulo que também recebeu seu chamado na juventude quando exorta Timóteo: Que ninguem te menospreza por seres jovem (cf. 1 Tm 4,12).

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Deus se alegra com a juventude, pois somos a esperança da Igreja. Como diz nosso moderador Tatá “Uma comunidade que não dá atenção aos jovens esta cometendo suicídio espiritual”. Por isso, desejo indicar, antes de tudo aos jovens líderes, alguns elementos importantes para progredirmos no exercício de nossa liderança, de acordo com os conselhos de um grande sábio, Bento XVI, e eles são três:

rezar sem se cansar, caminhar sempre e compartilhar com o coração.

1º Rezar sem se cansar.  #AoraçãoNãoétudoSó100% 

Porque somente podemos ser “pescadores de homens” se reconhecermos, nós primeiro, que fomos “pescados” pela ternura do Senhor.

A nossa experiência iniciou quando, depois de ter abandonado a terra do nosso individualismo e dos nossos projetos pessoais, nos encaminhamos rumo à “santa viagem”, entregando-nos àquele Amor que nos procurou à noite e àquela Voz que fez vibrar o nosso coração. Deste modo, como os pescadores da Galileia, deixamos as nossas redes para aferrar as que o Mestre nos entregou. Se não permanecermos estreitamente ligados a Ele, a nossa pesca não poderá ter bom êxito. Rezar sempre, “kbçaum” nossa liderança não se baseia somente em técnicas mas antes de tudo é espiritual.

A oração é uma conquista!  Ter tempo para rezar nunca será fácil, pois estamos imersos nos ritmos, por vezes acelerados, dos compromissos diários, estudo, trabalho, namoro, comunidade. Todavia, precisamos ser violentos nessa questão, a vida interior representa um recurso precioso para enfrentarmos as fadigas apostólicas. Todos os dias temos necessidade de parar, pôr-nos à escuta da Palavra de Deus em meditação.

A oração, a relação com Deus, o cuidado pela vida espiritual conferem alma ao ministério, e o ministério, por assim dizer, dá corpo à vida espiritual: porque o líder se santifica a si mesmo e aos outros no exercício concreto de sua liderança.  Exortava Paulo a Timóteo:  “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. (1 Tm 4.16). 

Segundo: caminhar sempre,pois na vida Cristã nem tudo serão flores, teremos no caminho: perseguições,renuncias, e grandes desafios.

Quando saímos da experiência de oração com todo aquele fogo de amor no coração, logo recebemos uma exortação: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação;”  (Eclesiástico, 2 .1)  

Infelizmente percebo que muitos jovens que eram ativos, “ponta de lança na missão” envelheceram, e não falo de idade cronológica, mas espiritual. Não tomaram a sério a exortação do Senhor. Em nossas comunidades existem muitos líderes que estão como cadáveres, decepcionaram com as barrerias, com a organização da Comunidade, as renuncias do mundo. Existe um atrito natural entre os mais velhos e a juventude, precisamos saber respeitar os líderes mais velhos, mas não podemos deixar arrefecer em nós esse vigor e a criatividade que é próprio do estado de vida.

No exercício da liderança encontramos muitos espinhos: pecados, imaturidade, fracassos em nossos trabalhos, erros causados por falta de sabedoria e experiência, portas que são fechadas, oposições de pessoas que não aceitam nossa identidade dentro da Igreja, mesmo sendo Igreja… Mas não podemos deixar de CAMINHAR EM FRENTE, precisamos perseverar, certos que Deus nos recompensará no seu tempo que é diferente do nosso: “Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria. Na ida, caminham chorando, os que levam a semente a espargir. Na volta, virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes.”  (Salmos, 126– 5-6)

Por fim, compartilhar com o coração.

Porque o líder não é um empregado que só existe para realizar funções, ou um profissional do sagrado. Ser um líder implica em primeiro ser um bom pastor. Ser um bom pastor significa arriscar a vida pelo Senhor e pelos irmãos, trazendo na própria carne as alegrias e as angústias da juventude, dedicando tempo e escuta para curar as feridas dos outros, e oferendo a todos a ternura do Pai.

O bom pastor precisa deixar-se impregnar “o cheiro das ovelhas” essa é a unica maneira de  cultivarmos  sonhos e alimentarmos grandes amizades nessa caminhada espiritual…  O líder precisa estar “junto e misturado”. Trata-se de estar no meio deles não apenas como um amigo entre outros, mas como quem sabe compartilhar com o coração a vida deles, escutar as suas perguntas e participar concretamente nas diversas vicissitudes da sua vida.

Os jovens não precisam de um profissional  ou de um herói que, do alto e de fora, responda às suas interrogações; pelo contrário, eles sentem-se atraídos por quem sabe envolvê-los sinceramente na própria vida, acompanhando-os com respeito e escutando-os com amor. Trata-se de ter um coração cheio de paixão e compaixão, sobretudo para com os jovens.

Precisamos ser “o amigo” que revela a Sagrada escritura:

“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. 16.Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo.Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante. Meu filho, aceita a instrução desde teus jovens anos; ganharás uma sabedoria que durará até à velhice.”
(Eclesiástico, 6.14-18)

Concluindo:  

Rezar sem se cansar, caminhar sempre e compartilhar com o coração significa viver a vida ministerial olhando para o alto e pensando em grande. Não é uma tarefa fácil, mas é possível ter plena confiança no Senhor, porque ele nos precede sempre no caminho!

rezem por mim, a paz e pentecostes!

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