Cada pequena pedra tem o seu lugar na Igreja (Mt 16, 13-20)
Caros irmãos e irmãs, bom dia !
O evangelho deste domingo (Mt 16, 13-20) relata-nos uma passagem chave do caminho de Jesus com os seus discípulos: o momento em que ele quer verificar a que ponto está a sua fé n’Ele. Antes, ele quer saber o que as pessoas pensam dele. E as pessoas pensam que Jesus é um profeta, o que é verdade, mas eles não entendem o centro da sua pessoa nem da sua missão.
Em seguida, Jesus coloca a questão aos seus discípulos, que para ele é a mais importante, quer dizer, que ele lhes pergunta diretamente: Mas vós quem dizeis vós que eu sou? (v.15). Por este “mas” Jesus distingue claramente os apóstolos da multidão, o que equivale a dizer: mas vós, que estais comigo todos os dias, e que me conheceis de perto, o que é que vós entendestes mais? O mestre espera dos seus discípulos uma resposta elevada e diferente das opiniões da opinião pública.
E, na verdade, uma resposta deste tipo brota do coração de Simão chamado Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v.16).
Simão Pedro não compreendeu plenamente o alcance de suas palavras, palavras que não vêm das suas capacidades naturais. Talvez ele não tivesse feito a escola elementar e foi capaz de dizer estas palavras, mais fortes que ele! Mas elas são inspiradas pelo Pai celeste (cf. V. 17), que revela ao primeiro dos Doze a verdadeira identidade de Jesus: ele é o Messias, o Filho enviado por Deus para salvar a humanidade. Graças a essa resposta, Jesus compreende, que graças à fé dada pelo Pai, ele tem um fundamento sólido sobre o qual ele pode construir a sua comunidade, a sua Igreja. É por isso que diz a Simão: Tu és Pedro – quer dizer, rocha – e sobre esta pedra construirei a minha Igreja (v.18).
Hoje, também connosco, Jesus quer continuar a construir a sua Igreja, essa Igreja com fundamentos sólidos mas onde não faltam fissuras e que tem necessidade continuamente de ser reparada, como no tempo de Francisco de Assis.
É certo, que, não nos sentimos como rochas, mas somente como pequenas pedras. Mas uma pequena nunca é inútil, pelo contrário, nas mãos de Jesus ela torna-se preciosa, porque ele toma-a, olha-a com uma grande ternura, trabalha-a pelo seu Espírito e coloca-a no bom sítio, onde Ele a tinha pensado desde sempre, e onde ela pode ser útil a toda a construção. E todos nós, embora pequenos, nos tornamos “pedras vivas”, porque quando Jesus toma na mão a pedra, a faz sua, a faz viva, cheia de vida, cheia de vida pelo Espírito Santo, cheia de vida pelo seu amor, e é assim que temos um lugar e uma missão na Igreja. Ela é uma comunidade de vida, feita de tantas pedras, todas diferentes, que formam um único edifício, sob o sinal da fraternidade e da comunhão.
Além disso, o evangelho de hoje nos recorda que Jesus quis também para a sua Igreja um centro visível de comunhão, em Pedro – ele também não é uma grande pedra, é uma pedra pequena, mas tomada por Jesus, ela torna-se centro de comunhão -, em Pedro e nos que lhe sucederam na mesma responsabilidade da primazia, que, desde as origens, forma identificados com os bispos de Roma, a cidade onde Pedro e Paulo, deram o seu testemunho pelo sangue.
Confiemo-nos a Maria, Rainha dos Apóstolos, Mãe da Igreja. Ela encontrava-se no Cenáculo, ao lado de Pedro, quando o Espírito desceu sobre os Apóstolos e os impeliu a saírem, a anunciarem a todos que Jesus é o Senhor. Que hoje a nossa Mãe nos apoie e nos acompanhe pela sua intercessão, para que realizemos plenamente essa unidade e essa comunhão pelas quais o Cristo e os Apóstolos rezaram e deram a sua vida.