Secretário do Papa: ‘Se a Igreja abandonar as pessoas durante a pandemia, será também abandonada’
Cristo, no Evangelho de João, ao falar do “Bom Pastor” e do mercenário, chama a Si mesmo “Bom Pastor”, que não apenas cuida das ovelhas, mas conhece-as pessoalmente e se preciso dá até a própria vida por elas. Jesus é o “guia” seguro das pessoas que procuram o caminho que conduz a Deus e aos irmãos. Na epidemia do medo que todos estamos enfrentando – causada pela pandemia do Corona Vírus, todos corremos o risco de nos comportarmos como mercenários e não como pastores.
Não podemos e não devemos julgar, mas vem-nos à mente a imagem de Cristo, que encontra Pedro assustado e iludido, não para o censurar, mas para ir morrer em seu lugar. Pensamos em todas as almas amedrontadas e abandonadas porque nós, pastores, seguimos as instruções civis – o que é correto e certamente necessário neste momento, para evitar o contágio – mas corremos o risco de deixar de lado as instruções divinas – o que é um pecado.
Pensamos como homens e não segundo Deus, colocamo-nos entre os assustados e não entre os médicos, os enfermeiros, os voluntários, os corajosos trabalhadores e pais da família que estão na linha de frente.
Penso nas pessoas que vivem alimentando-se da Eucaristia, porque acreditam na Presença Real de Cristo na Sagrada Comunhão. Penso nas pessoas que agora devem se contentar com seguir a transmissão da Missa em streaming... Penso nas almas que precisam de conforto espiritual e de se confessar. Penso nas pessoas que certamente abandonarão a Igreja quando esse pesadelo acabar, porque a Igreja as abandonou quando precisavam.
É bom que as igrejas permaneçam abertas. Os padres devem estar na linha de frente. Os fiéis devem encontrar coragem e conforto olhando para os pastores. Os fiéis devem saber que, a qualquer momento, podem correr a refugiar-se nas igrejas e paróquias e encontrá-las abertas e prontas para os acolher. A Igreja deve se achegar às pessoas também através de um “número verde” para o qual a pessoa possa ligar para ser consolada, pedir e combinar uma confissão, para receber a Sagrada Comunhão, ou para que seja dada a seus entes queridos.
Devemos aumentar as visitas às casas, casa por casa, usando as precauções necessárias para evitar o contágio; nunca nos fechando, mas sim vigiando. Caso contrário, acontece que são entregues nas casas as refeições – as pizzas – mas não a Comunhão, especialmente às pessoas idosas, doentes e carentes.
Acontece que os supermercados, os quiosques e as tabacarias permanecem abertos, mas não as igrejas. O Governo tem o dever de garantir cuidado e apoio material às pessoas, mas nós temos o dever de fazer o mesmo com as almas. Que nunca se diga: “Eu não vou a uma igreja que não me veio visitar quando eu precisava”.
Portanto, apliquemos todas as medidas necessárias, mas não nos deixemos condicionar pelo medo!
Peçamos a Graça e a coragem de nos comportarmos segundo Deus e não segundo os homens!
Don Yoannis Lahzi Gadi
– Ler a Carta no original em italiano
Fonte: Senza Pagare, com a Cúria Diocesana de Sto. André