João Paulo II – O homem que amou até o fim!
“AMOU ATÉ O FIM”
Os últimos anos, os últimos meses, os últimos dias de João Paulo II, evidenciaram de uma maneira impressionante e crescente, aos olhos de todos, que aquele ancião doente, combalido, encurvado, sofredor, cada vez mais limitado, depois de ter dado a vida inteira ao serviço de Deus e de seus irmãos os homens, estava disposto a entregar até a última gota, até o último alento, enquanto Deus não viesse buscá-lo.
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Seguindo as pegadas de Cristo, decidiu-se a levar a sua caridade, o seu amor, até ao extremo, como Jesus, de quem diz o Evangelho que, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13, 1).
Ele próprio deixara escritas no seu testamento, no ano 2000, as seguintes palavras: “Segundo os desígnios da Providência, foi-me concedido viver no difícil século que está ficando no passado e agora, no ano em que a minha vida alcança os oitenta anos, é necessário perguntar-me se não chegou a hora de repetir com o bíblico Simeão: «Nunc dimittis» [refere-se à oração do ancião Simeão que, no dia da apresentação do Menino Jesus no Templo, diz a Deus que agora já o pode levar em paz deste mundo: cfr. Luc 2, 29]“.
O escrito continua: “No dia 13 de maio de 1981, o dia do atentado contra o Papa durante a audiência geral na Praça de São Pedro, a Divina Providência me salvou milagrosamente da morte. O mesmo único Senhor da vida e da morte me prolongou esta vida e, em certo sentido, voltou a dar-ma de novo. A partir desse momento, pertence-lhe ainda mais […]. Peço-lhe que me chame quando Ele quiser. «Se vivemos, vivemos para o Senhor; e se morremos, morremos para o Senhor… Somos do Senhor (Cf. Rom 14,8)». Espero que até que possa completar o serviço petrino [de sucessor de Pedro] na Igreja, a Misericórdia de Deus me dê forças para este serviço”.
E assim foi. A sua entrega foi como a de uma lamparina que se extingue só depois de consumir-se inteiramente. Mas, à medida em que sua vida se ia apagando, o seu amor resplandecia com mais força. Quem não se lembra do seu derradeiro esforço por se comunicar, por levar a Palavra aos fiéis, naquele dia de abril em que, o rosto emoldurado pela janela de onde tinha falado tantas vezes, só pôde abrir a boca para exprimir silenciosamente a dor, a agonia, as lágrimas silenciosas de um pastor esgotado, que já não mais conseguia articular uma palavra?
Deixou-nos assim um reflexo extraordinário da imagem do Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10, 11). Na homilia das exéquias, o Cardeal Ratzinger recordava essa figura evangélica em que João Paulo II ficava retratado: “Foi sacerdote até o final, porque ofereceu a sua vida a Deus por suas ovelhas e por toda a família humana, numa entrega cotidiana ao serviço da Igreja e, sobretudo, nas duras provas dos últimos meses. Assim se converteu em uma só coisa com Cristo, o Bom Pastor que ama as suas ovelhas”.
Fonte: https://www.presbiteros.org.br/joao-paulo-ii-virtudes-de-um-papa-santo/