Quem são os fiéis leigos (ChL9)
Christifideles laici é uma exortação apostólica pós-sinodal do Papa João Paulo II, assinada em Roma em 30 de dezembro de 1988. É resumo do ensinamento que surgiu do sínodo dos bispos de 1987 sobre a vocação e a missão dos leigos na igreja e o mundo.
O documento tem a finalidade de responder; “quem são os fiéis leigos”.
“Por leigos – assim os descreve a Constituição Lumen Gentium – entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo polo Batismo, constituídos em Povo de Deus (Igreja).
Já Pio XII dizia: “Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja; (Somos a ponta da lança) estamos inseridos em todos os lugares, famílias, escolas, empresas… Por isso, continua Pio XII: eles, e sobretudo eles, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja.
Portanto a missão não se estende a alguns membros do clero, mas a todos batizados.
Para descrever a “figura” do fiel leigo, precisamos compreender no que consciente sermos batizados, o mesmo nos transforma em três elementos:
A) O Batismo regenera-nos para a vida dos filhos de Deus.
B) O Batismo nos une-nos a Jesus Cristo e ao seu Corpo que é a Igreja,
C) O batismo nos unge-nos no Espirito Santo, constituindo-nos templos espirituais.
Assim, com a efusão batismal nos tornamos participantes da mesma missão de Jesus Cristo, o Messias Salvador.
No batismo Jesus recebeu uma tríplice unção: Sacerdotal, Profético e Real de Jesus Cristo.
A unção sacerdotal de Cristo
Se refere ao dom de dar a vida, oferecendo um culto espiritual santo, agradável e perfeito a Deus. Jesus manifestou essa unção sobretudo no calvário onde doou sua vida em favor de nossa salvação e a atualiza em cada Eucaristia.
Ao falar dos fiéis leigos, o Concílio diz: Todos os seus trabalhos, orações e empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o trabalho de cada dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as próprios incomodidades da vida, suportadas com paciência, se tomam em outras tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
São Paulo ensina que podemos nos oferecer como sacrifícios vivos de louvor em adoração a Deus a medida que consagramos tudo a Ele.
(Romanos 12,1) Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto.
Em uma empresa da prefeitura, existe um grupo de funcionários que fazia valetas. Todos os dias faltando quinze minutos para finalizar os serviços, todos os funcionários paravam o serviço e corriam apressados para subir no caminhão e ir embora. Mas existia um funcionário que ficava contemplando o seu trabalho por mais tempo e não tinha pressa de ir embora. Um dia um de seus amigos incomodado lhe perguntou: – Por que você fica admirando a valeta enquanto todos desejam ir embora? – Ele disse: Porque ao terminar meu serviço, eu o entrego como uma oferta a Deus e rezo dizendo, Senhor não sei se o Senhor já viu uma valeta melhor do que essa, mas hoje trabalhei para dar o melhor, por que não trabalho para homens mas faço meu serviço para sua glória.
A unção profética de Cristo
Se refere ao seu testemunho da vida e pela força da palavra, proclamou o Reino de Deus. No Batismo toda a Igreja também é chamada a exercer essa unção profética, diz São Pedro:
(1 Pd 2,9) Mas vós sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.
Por isso somos chamados a missão, que diverge nessas duas direções: Testemunho de vida e anuncio explicito da palavra. Somos chamados a anunciar a apalavra de Deus corajosamente (veja Atos 4,31).
A unção profética de Cristo
Se refere a dimensão real, Jesus veio implantar um novo reino o reino de Deus. E ele o implantou de duas formas:
Combatendo o diabo no mesmo campo aonde Adão (o homem) havia sido derrotado, no campo da liberdade. Jesus fez a vontade do Pai e não pecou. E também por meio do amor, Jesus implantou uma nova doutrina, um novo estilo de vida, que deve ser vividos por aqueles que se submetem ao seu reino e Senhorio.
No batismo recebemos essa unção real, somos inseridos em um profundo combate espiritual para vencermos dentro de nós o reino do pecado (cf. Rm 6,12), e também para implantarmos o reino de Jesus como Senhor de todas as coisas para glória de Deus Pai.
• Para realizarmos essa grande missão somos chamados a exercer nossos Ministérios e viver no poder dos carismas.
a) Os ministérios:
No batismo somos inseridos ao corpo místico de Cristo (A igreja). Nesse corpo Cristo é a cabeça e nós somos os outros membros. Cada membro tem uma função especifica e importante no corpo e deve estar inserido ao mesmo e realizar plenamente sua função.
Meu pai sofre de uma disfunção renal, seus rins ficaram 80% paralisados. Por isso toda a sua saúde foi comprometida, e se hoje ele não fizer hemodiálise para completar a função dos rins, todo o seu corpo pode ser paralisado, vindo a óbito.
Na mesma dimensão se aplica nossas vidas no ministério apostólico, para que a Igreja possa ser plana em sua ação Evangelizadora a mesma necessita do seu comprometimento.
b) Os carismas:Os carismas são a força dos ministérios
O Espírito Santo, ao confiar à Igreja-comunhão os diversos ministérios, enriquece-a com outros dons e impulsos especiais, chamados carismas. Podem assumir as mais variadas formas, tanto como expressão da liberdade absoluta do Espírito que os distribui, como em resposta às múltiplas exigências da história da Igreja. Os carismas são dados com uma única finalidade edificar o corpo de Cristo.
Precisamente em referência ao apostolado dos leigos, o Concílio Vaticano II escreve: “Para exercerem este apostolado, o Espírito Santo, que opera a santificação do povo de Deus por meio do ministério e dos sacramentos, concede também aos fiéis dons particulares (cf, 1Cor 12,7), ‘distribuindo-os por cada um conforme lhe apraz’ (cf, lcor12,7-11), a fim de que ‘cada um ponha ao serviço dos outros a graça que recebeu’, e todos atuem ‘como bons administradores da multiforme graça de Deus’ (lPd 4,10), para a edificação, no amor, do corpo todo (cf. Ef 4,16 CONC. ECUM. VAT. Il, Decr. sobre o apcstolado dos leigos n. 3.)