Missão às avessas!


Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele. Ele constituiu então doze, para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a Boa Nova (Marcos 3,13-14).

A Igreja Católica costuma dedicar o mês de outubro aos missionários. Não por acaso a memória de Santa Teresinha — que, ao lado de São Francisco Xavier, é a padroeira das missões — se celebra no 1.º dia deste mesmo mês. Também o Rosário tem lugar especial no mês de outubro para lembrar aos católicos que, sem vida de oração, não há apostolado fecundo.

A ocasião é, por isso mesmo, mais do que adequada para uma reflexão sobre o estado das missões dentro da Igreja Católica, a julgar também pelo 10.º aniversário da Conferência de Aparecida, ocasião em que os bispos de toda a América Latina, reunidos com o Papa Bento XVI, convocaram os católicos para a missão de ser “discípulo-missionário”.

A realidade do “discípulo-missionário” é apresentada no Evangelho de São Marcos com muita propriedade. Jesus, depois de escolher alguns dentre a multidão e passar um tempo com eles, envia os apóstolos para pregarem a Palavra por todo o mundo: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (16, 15).

Há poucos momentos na história da humanidade que sejam mais importantes e decisivos do que a escolha dos doze Apóstolos:

“Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele quis”, escolheu aqueles cujo apostolado mudaria, de fato, o curso da história humana. Trata-se de doze homens sobre os quais se ergueria o novo Israel, o novo povo de Deus. Antes, sob a vigência do Antigo Testamento, para pertencer ao povo eleito era necessário descender de algum dos doze filhos de Jacó; agora, sob o signo da nova e eterna Aliança, o povo eleito é formado por aqueles que, escolhidos livremente por Cristo, são chamados antes de tudo “para ficar com Ele”, ou seja, para ter um relacionamento íntimo — de conversão e oração — que se transfigure depois em obras de amor, em apostolado.

A primeira coisa que deve fazer o fiel que deseja sair em missão, portanto, é saber estar com Jesus: o primeiro passo do apóstolo, nesse sentido, não é para fora, esparramando-se no mundo, mas para dentro, encontrando-se com Deus no interior de si mesmo. Não caiamos no erro, tão comum nos tempos que correm, de sacrificar o único necessário — nossa santificação pessoal por meio da oração silenciosa e solitária aos pés do Senhor — a favor de um atividade apostólica agitadiça e desorientada, incapaz de levar aos outros Aquele que nos recusamos conhecer intimamente.

Para que alguém seja missionário, é preciso que fique, antes, na presença de Cristo, de quem obterá força e graça para cumprir a própria vocação. Depois, a vivência com Cristo, a fim de que se torne autêntica, exige o apostolado, o desejo de trazer mais pessoas para essa comunhão de amor. Isso deve estar muito presente na vida de todo missionário, aliás, porque depende da sua apostolicidade a fecundidade de sua vocação. Quem ensina a fé aprende mais do que ensina.

Toda missão que não brota da oração, é uma missão às avessas. É preciso deixar claro que essa “missão às avessas” torna toda Evangelização estéril e exaustiva, a mesma leva muitos ao desanimo e a desistência, temos que tomar muito cuidado para que a nossa missão não se torne um mero ativismo, “fazer por fazer” sem unção, fervor, amor…

A oração não é tudo só 100%

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