O choro da seiva (João 15), A última parábola de Cristo!
A última parábola que Jesus expôs antes de ir para a Cruz: a alegoria da videira e as varas (Jo 15,1-8).
Nessa reflexão enfatizarei a missão da seiva, uma alegoria da ação do Espírito Santo na vida do Cristão.
Confira na íntegra esse breve e profundo ensino…
Eu sou a videira verdadeira – dizia Jesus na Última Ceia –, e mau Pai é o agricultor […] O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. (Jo, 15, 1 e 4-5).
A vida do ramo – da vara ou sarmento, de onde pende a uva – procede da seiva, que vem das raízes da videira. Sem seiva, a vara seca; sem seiva, não há fruto.
Sabe o que é essa “seiva” que Cristo – a videira verdadeira – nos transmite, quando estamos unidos a Ele?
A graça de Deus, a graça que o Espírito Santo – amor eterno entre o Pai e o Filho – infunde na nossa alma como grande fruto da Redenção realizada por Cristo. De maneira simples e bela, São Paulo diz que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5), e que esse dom do Amor – já desde o Batismo – nos dá uma vida nova (Rm 6,4).
Trata-se de uma realidade divina, que as palavras humanas são incapazes de exprimir. Os Padres da Igreja dos primeiros séculos, para explicar a transformação que a graça do Espírito Santo opera na nossa alma, recorriam a comparações.
Uma delas, muito expressiva, é a do metal posto ao fogo: ao ficar em brasa, adquire as qualidades do fogo; sem deixar de ser o que era – metal – ganha o ardor, a luz e o calor que, sozinho, jamais teria. Coisa análoga faz a graça do Espírito Santo nas almas, elevando-as, “divinizando-as”, tonando-nos filhos de Deus (cf Jo 1, 12; Gl 4,6-7), membros da família de Deus (Ef 2,19).
Graças a esse fogo divino nós podemos viver e agir como filhos de Deus muito amados (Ef 5,1) E, se não perdemos a graça do Espírito Santo pelo pecado, as nossas virtudes terão a “seiva” da graça, a qualidade sobrenatural das virtudes dos filhos de Deus, dos “irmãos de Cristo” (cf Rm 8,16 e 29). Serão as virtudes humanas do cristão.
Por isso o Senhor nos diz: “Sem mim nada podeis fazer” (João 15,4-5).
trecho do livro
A CONQUISTA DAS VIRTUDES
Para uma vida realizada – Francisco Faus