“O Novo Pentecostes” Catequese do Santo Papa Paulo VI
“A Igreja vive pela infusão do Espírito Santo, infusão que chamamos graça, isto é, Dom por excelência, caridade, amor do Pai comunicado a nós em virtude da Redenção realizada por Cristo, no Espírito Santo.
Recordemos a síntese de Santo Agostinho: “o que a alma é para o corpo do homem, isso é o Espírito Santo para o Corpo de Cristo que é a Igreja”.
confira na íntegra…
O Sopro Vital da Graça
Verdade conhecida. Todos ouvimos repetir e proclamar pelo recente Concílio: “Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho para que Ele a realizasse sobre a terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito. Este é o Espírito de vida … O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo: neles ora e dá testemunho de que são filhos adotivos. Leva a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e no ministério, dota-a e dirige-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos, e embeleza-se com seus frutos. Com a força do evangelho a rejuvenesce e incessantemente a renova” … (Lumen Gentium 4).
Um Novo Pentecostes, “a necessidade da gra”
O que agora devemos afirmar é a necessidade da graça, isto é, de uma intervenção divina que supera a ordem natural, tanto para nossa salvação pessoal, como para o cumprimento do plano de redenção em favor de toda a Igreja e da humanidade que a misericórdia de Deus chama à salvação … A necessidade da graça supõe uma carência imprescindível por parte do homem, supõe a necessidade de que o prodígio de Pentecostes tenha que continuar na história da Igreja e do mundo, e isso na dupla forma na qual o dom do Espírito Santo se concede aos homens:
Primeiro para santificá-los; esta é a forma primária e indispensável para que o homem se converta em objeto de amor de Deus.
Mas agora eu diria que a curiosidade – mas uma curiosidade muito legítima e bela – se fixa em outro aspecto. O Espírito Santo quando vem outorga dons. Já conhecemos os sete dons do Espírito Santo. Mas dá também outros dons que agora se chamam … bem (agora … sempre) se chamam carismas.
Que quer dizer carisma? Quer dizer dom: Quer dizer uma graça. São graças particulares dadas a alguém para outro, para que faça o bem. Alguém recebe o carisma da sabedoria para que chegue a ser mestre; e recebe o dom dos milagres para que possa realizar atos que, através da maravilha e da admiração, chamem à fé etc.
Agora essa forma carismática de dons que são dons gratuitos e de si não necessários, mas dados pela superabundância da economia do Senhor, que quer tornar a Igreja mais rica, mais animada e mais capaz de autodefinir-se e autodocumentar-se, denominar-se precisamente “a efusão dos carismas”. E hoje se fala muito disso. E, dada a complexidade e a delicadeza do tema, só podemos desejar que estes dons venham e oxalá venham em abundância. Que além da graça haja carisma que também hoje a Igreja de Deus possa possuir e obter.
Os Santos, especialmente Santo Ambrósio e São João Crisóstomo, isto é, os padres, disseram que os carismas foram abundantes nos primeiros tempos.
O Senhor deu esta, chamemo-la grande chuva de dons, para animar a Igreja, para fazê-la crescer, para afirmá-la, para sustentá-la.
E depois a economia desses dons foi, diria eu, mais discreta, mais … econômica. Mas sempre existiram santos que realizaram prodígios, homens excepcionais existirem sempre na Igreja. Oxalá o Senhor aumente ainda mais a chuva de carismas para tornar fecunda, formosa e maravilhosa a Igreja, e capaz de impor-se até à atenção e ao estupor do mundo profano, do mundo laicizante.
Citaremos um livro que foi escrito precisamente neste tempo pelo cardeal Suenens, que se intitula: “Une nouvelle Pentecôte?” “Um novo Pentecostes?”.
Ele descreve e justifica esta expectativa que pode ser realmente uma providência histórica na Igreja, de uma difusão maior de graças sobrenaturais, que se chamam carismas.
Agora nos limitamos a recordar as principais condições que devem dar-se no homem para receber o dom de Deus por excelência que é precisamente o Espírito Santo; sabemos que Ele “sopra onde quer”, mas não rejeita o desejo de quem o espera, o chama e o acolhe (também quando este mesmo desejo procede de uma íntima inspiração sua).
Quais são estas condições?
Simplifiquemos a difícil resposta dizendo que a capacidade de receber este “doce hóspede da alma” exige fé, exige a humildade e o arrependimento, exige normalmente um ato sacramental; e na prática de uma vida religiosa requer o silêncio, o recolhimento, a escuta, e sobretudo a invocação, a oração, como fizeram os Apóstolos com Maria no Cenáculo. Saber esperar, saber invocar: “Vinde Espírito Criador, vinde Espírito Santo”.
Se a Igreja souber entrar numa fase de tal predisposição para a nova e perene vinda do Espírito Santo, Ele, a “luz dos corações”, não tardará em conceder-se, para gozo, luz, fortaleza, virtude apostólica e caridade unitiva de que hoje a Igreja tem necessidade.Assim seja. Com nossa bênção apostólica.
continua….
fonte: Os Papas falam sobre a Renovação Carismatica pag 8