O corpo é um ícone e não um ídolo!

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É preciso saber a diferença de um ícone e de um ídolo. O ícone me remete ao céu e o ídolo me faz ficar nesta terra… leia mais…

“Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne”. Este mistério é grande — eu digo isto com referência a Cristo e à Igreja” (Ef 5, 31-32)

São Paulo nos mostra e nos faz compreender que o homem e a mulher, quando se unem, se unem em vista da união de Cristo com a Igreja. A relação do homem e da mulher, em união no santo matrimônio, é a união de Cristo com a Igreja.

Na Sagrada Escritura, a palavra “mistério”, quando foi traduzida das outras várias línguas para o latim e o português, foi   traduzida como “Sacramentum” (sacramento), ou seja, sacramento e mistério são a mesma coisa, são o sinal visível; mas existe algo de invisível.

Como podemos ser de alguma forma um sacramento? Quando falamos de imagem, a primeira coisa que vem à nossa cabeça é da acusação dos nossos irmãos protestantes – de confissão calvinista – de que somos idólatras. E como nós saímos disso? É preciso saber a diferença de um ícone e de um ídolo. O ícone me remete ao céu e o ídolo me faz ficar nesta terra, mas ambos são imagens.

O livro bíblico dos Gênesis diz que o homem estava nu, mas depois do pecado se escondeu de Deus, porque estava nu, ou seja, caiu em si quanto à sua condição, que agora era de pecado. No início estavam nus, mas porque não tinham consciência. Este não ter consciência quer dizer que Adão olhava para o corpo de Eva e via ali um ícone, uma janela para Deus, “esta, sim, é carne da minha carne, ossos dos meus ossos”. Depois do pecado original nós perdemos a capacidade de olhar para o corpo de uma pessoa e ver ali a espontaneidade da maravilha de Deus. Quando vemos o corpo de uma pessoa hoje ou nós caímos na risada ou desejamos aquele corpo como um objeto. Então transformamos o corpo de um ícone a um ídolo.

Nosso país é tristemente conhecido no exterior pelo carnaval devasso; no entanto, antigamente, o carnaval era uma diversão em família. Havia uma inocência nessa festa. O pessoal subia nos carros, fazia desfiles, o máximo de exagero que havia era jogar farinha no outro, jogar água, etc. Hoje muitas pessoas vão para o carnaval, num salão, por exemplo, para fazer sexo e um sexo quase grupal, com drogas e bebidas à vontade. Nas escolas de samba as mulheres estão “tecnicamente” pintadas, mas, na verdade, estão nuas. E fala a verdade: quando você vê uma daquelas mulheres nuas você diz: “Olha que mulher inteligente…” ; “Veja que pessoa generosa, de qualidades espirituais”!? Claro que não! As pessoas veem as mulheres peladas em um daqueles carros alegóricos e as desejam como um objeto. E depois querem falar da dignidade das mulheres…

Mas como falar da dignidade das mulheres se estas estão peladas [no carnaval] , quando se transformam em objetos de desejo e consumo? As mulheres se vestem como objeto e depois reclamam que os homens as tratam como objetos!

Existe uma tara típica do homem: ele quer ver corpos nus. Se você fizer uma pesquisa você vai ver que revistas, DVDs, sites de figuras de mulheres nuas, tudo isso é o homem que consome. E quem vai atrás de imagens de homens nus? É homem também. A mulher não está interessada em corpos nus, ela está interessada em tirar a roupa. O homem quer ver e a mulher quer mostrar. E isso foi colocado no nosso coração como uma idolatria, porque o pecado original quer que coloquemos a criatura no lugar de Deus. A mulher quer ser deus porque ela quer ser desejada; e o homem quer ser deus como dono daquele desejo, e assim os dois se destroem.

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O que temos de fazer? Não há outro jeito a não ser sair do caminho da idolatria.

“O ícone me remete ao céu e o ídolo me faz ficar nesta terra”

É no casamento que a mulher pode se apresentar ao marido, porque agora existe um sacramento, eles são um sacramento, uma imagem visível da união de Cristo com a Igreja, um sinal do céu. Mas isso é só no matrimônio que acontece. Se nós sairmos do matrimônio, aquilo que era ícone se torna ídolo. Porque ídolo é o objeto e os homens opressores que querem possuir o ídolo. Deus fez o nosso corpo, o qual deve ser um sinal visível de uma realidade invisível, mas quando nos distanciamos de Deus cometemos as abominações próprias de uma idolatria do corpo.

Qual a cura para a pornografia? Não é eliminar a imagem do planeta; mas a cura da pornografia está na iconografia: é transformar a imagem em uma janela para Deus. Dentro do casamento o marido e a mulher podem trabalhar para isso, pois, o próprio fato de eu ter um corpo já é uma imagem; no entanto, esta imagem eu posso transformar em um ícone ou um ídolo.

Vocês já viram uma foto de Madre Teresa de Calcutá que tenha sido registrado o olhar dela? Aquele olhar é o olhar de quem nos conduz para Deus. Aquele corpo, velhinho, todo enrugado, quebrado pelo esforço do trabalho, aquele corpo é um ícone.

Em 1981, o Papa João Paulo II veio ao Brasil. Na ocasião ele foi a Cuiabá (MT), minha terra, mas eu estava em Roma, não fui para lá [Cuiabá]. Meus pais, no entanto, tiveram a graça de receber a comunhão das mãos do saudoso Pontífice. Eu perguntei à minha mãe: “E aí, mãe? Como foi?”. Ela me disse: “Júnior, eu não esqueço aquele olhar”. Tudo porque João Paulo II era um ícone.

Eu lhe pergunto: uma mulata em cima de um carro alegórico pode ser um ícone? Claro que não! Ela se transforma num ídolo de carne.

“O que tem valor não pode ser exposto”

Se você notar, nos Atos dos Apóstolos, São Paulo, muitas vezes, curava as pessoas por intermédio de seu corpo. São Pedro passava e a sombra do corpo dele também curava as pessoas. São Paulo fazia as refeições e o pano com que ele limpava a boca curava as pessoas. Por que então tanta gente tem birra das relíquias veneradas pela Igreja? Não é a relíquia ou o corpo da pessoa que cura, é Deus que cura por meio dessas pessoas! Deus não precisa de nós, mas Ele quer precisar de nós.

É importante nós entendermos que o nosso corpo é um ícone que nos abre para o céu ou um ídolo que nos prende a esta terra. Como podemos ser sinal desta graça de Deus?

Tendo critérios para sermos um ícone. Qual o critério para as roupas, por exemplo? Até onde pode ir o decote, até onde pode ir a manga, até onde pode ir o comprimento da saia? Você não vai encontrar na Bíblia ensinamentos sobre isso, nem vai encontrar nos documentos da Igreja a maneira correta de como se vestir. Mas o “documento” que você vai encontrar está nos seus irmãos homens.

Como nós homens nos sentimos agredidos ou atacados na nossa alma quando vemos uma mulher que não se veste bem! Mas como não bastasse se vestirem mal, a nossa sociedade está educando as mulheres desde crianças a se transformarem em ídolos. A menina com 4 anos de idade já é educada para se vestir como uma “prostitutazinha” e o pai, a mãe, o vovô, acham graça vendo a menina toda pintada, rebolando, dançando músicas eróticas. Nós precisamos aprender a educar as nossas crianças para o valor do corpo, porque o que tem valor não pode ser exposto!

O homem tem colocado nas mulheres um gosto de transformar o seu corpo em objeto de desejo, e esse negócio de fazer do corpo um objeto de desejo era algo só de mulher, mas agora estão os homens também indo para as academias para ficarem “bombados” e a todo custo produzir um corpo que seja também objeto de desejo. Nós não somos objeto, nós não precisamos descer a esse nível! Devemos dar o devido valor a nós mesmos.

O critério para a roupa que devemos usar deve ser o nosso irmão e a nossa irmã, este é o critério. Você mulher sabe o que provoca, sabe o que tenta, e diga a verdade: quando você coloca aquela roupa você coloca justamente para provocar. Mas eu digo uma coisa pra você mulher: você não precisa ficar mendigando – “com pires na mão” – a atenção dos homens. A mulher que não se veste com modéstia, no fundo, está dizendo: “Olhem pra mim, olhem como eu sou bonita. Por favor, digam que eu sou bonita, que eu sou atraente”. Homens digam aqui uma verdade: existe coisa mais elegante do que uma mulher de saia ou vestido elegante? Não há coisa mais bonita do que uma mulher bem vestida. A mulher não precisa invejar a roupa dos homens e vice-versa. O homem tem que descobrir a alma da mulher. Se você vai se casar aprenda uma coisa: existe no homem uma tara de querer só olhar para o corpo da mulher e ignorar a alma, mas o corpo muda, a alma fica. E como o corpo muda, as mulheres ultimamente viram escravas dele [próprio corpo], porque querem manter um corpo jovem para o resto da vida…Daí haja tintura, haja cirurgias plásticas, haja silicone! E o resultado disso tudo é uma profunda insegurança nas mulheres.

Quando eu olho o corpo de uma mãe que se gastou por amor e por serviço eu vejo ali um sacramento. Mulheres, vocês querem ter um corpo bonito? Amem!

Quando um jovem vem se aconselhar perguntando-me com que tipo de mulher deve se casar, eu lhe respondo: “Não se case com um corpo, porque o corpo vai cair. Você quer saber como vai ficar o corpo dela? Olhe para a mãe dela. Busque a alma de uma mulher”.

Homens, parem de ser escravos do corpo da mulher. Que escravidão ridícula e idiota, homens casados que passam dias na internet buscando um corpo mais bonito do que o de sua mulher! Quer uma solução? Descubra a alma, o ícone que é a sua mulher. Nós somos uma imagem de Deus, mas você escolhe: ou você será um ícone, que nos abre para Deus, ou você será uma imagem, que se fecha aqui nesta terra, que é o ídolo.

Por isso, somente no casamento nós temos a expressão verdadeira do sexo, que é a expressão livre, total, fiel e fecunda. Fora disso haverá sempre algo muito incompleto em nós.

texto de Padre Paulo Ricardo.

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