SUBIRAM À SALA SUPERIOR (At 1, 12-14) Entrando em clima de pentecostes!

Eles subiram a sala de cima onde estavam acostumados a ficar. (cf Atos 1,12-14)

Que texto fantástico!  Quantos ensinamentos não podemos tirar mergulhando nessa riqueza para nossa vida espiritual? Quero enumerar alguns deles na perspectiva de nos prepararmos ou melhor nos colocarmos no clímax de um grande e ardente pentecostes, viagem comigo nessa leitura, não se preocupe em apenas ler, mas se delicie, medite, contemple e principalmente reze, mas reze como os apóstolos perseverantes e unidos a Maria, na expectativa que o melhor de Deus esta por vir. Aleluia!

  1. Eles subiram a sala de cima, onde costumavam a ficar!

Os Apóstolos foram para a sala de cima, a tradição identifica com o cenáculo alto da última ceia (Lc 24, 33; Jo 20, 19).   Subir à sala de cima deve ser a nossa meta, quem não vive com o coração nas coisas do alto nunca experimentará as promessas sublimes de Deus. aliás, não temos que só subir, mas permanecer a mesma, ao ponto de nos acostumarmos a ficar.  Isso por que a experiência de pentecostes, o batismo no Espírito Santo deve automaticamente nos levar a vida no Espírito Santo, não somos chamados a ter apenas uma experiência passageira com Deus, mas somos chamados a viver permanentemente na experiência do pentecostes, dizia Paulo VI: ‘o Espírito Santo não foi derramado em pentecostes, mas começou a ser derramado em pentecostes é um presente para toda vida da Igreja, é o que São Lucas quer relatar quando diz que: Todos ficaram cheios do Espírito Santo (cf Atos 2,4).

Portanto esse primeiro ponto, subir à sala de cima, vale para “todos aqueles que estão longe” que não fizeram essa experiência critica que denominamos de batismo no Espírito Santo, como para aqueles que já se deliciaram na mesma e são chamados ao progresso constante da vida interior. É o que São Paulo nos exorta: Buscai as coisas do alto (cf Cl 3,2), esse deve ser nossa primeira atitude, deixemos nossas preocupações terrenas e carnais e coloquemos nossos corações ao alto, por que Jesus subiu ao céu e intercede por nós incansavelmente para que recebamos o Espírito.

 Assim ensina o Catecismo da Igreja Católica §667: Tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo.

Se você deseja subir ao andar de cima, aperte os cintos, por que vamos decolar no Espírito. Aleluia!

Nessa meditação quero partilhar quatro elementos, quatro degraus que nos levam ao andar superior aonde a promessa acontece.

Qual foi a primeira atitude dos apóstolos?

O texto nos revela: Depois da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os Apóstolos obedeceram à ordem de Jesus voltaram para Jerusalém o lugar da realização da promessa (cf At 1, 12). Eles obedeceram à ordem de Jesus, portanto o primeiro degrau para subirmos ao andar de cima é a OBEDIÊNCIA.

A obediência nos coloca no caminho certo, por mais que seja doloroso. O caminho da sala de cima é o caminho da obediência e observância da palavra de Deus, custe o preço que custar.

Isso é o que vamos ver na vida dos discípulos, a obediência os levou a pagar um alto preço, eles estavam de boa no monte das Oliveiras… Um lugar tranquilo e afastado, e realmente seria mais cômodo para eles permanecerem nas “alturas”, como São Pedro disse sobre o monte Tabor no dia da Transfiguração de Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui” (Mt 17, 4). Mas não quiseram… Desceram e foram para a “planície”, isto é, onde “reina” as dificuldades, provações e perseguições… Foram para o campo de batalha: “Então, do monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém”, aqui vale uma grande observação: o lugar onde estavam aqueles que tinham crucificado o Senhor Jesus. Os Apóstolos não quiseram permanecer no monte das Oliveiras, lugar sossegado… Mas foram para Jerusalém, onde moravam muitos inimigos e perseguidores; estavam dispostos a fazer de tudo para fazer à vontade de Deus.

Algo que os movia era a recente experiência com o ressuscitado (cf Atos 1,3), seus corações mesmo diante das dificuldades estavam em chamas, eles obedientes à palavra de Jesus estavam cheios de ânimo. Desceram o monte das Oliveiras (818 metros)… caminharam até Jerusalém (aproximadamente 1000 metros), e permaneceram até o cumprimento da promessa.  Um grande paradoxo, “para subir a sala de cima” precisamos descer!

Se não tivermos essa disposição interior de “descer”, ou seja, nos aniquilar, até fazer morrer o homem velho com suas paixões e arrogância, nunca estaremos aptos para subir as escadarias da sala de cima que nos levam ao céu.

Uma vez que subiam à sala de cima, unidos perseveravam em oração.  Aqui encontramos um segundo elemento “A COMUNHÃO FRATERNA”.

 Se existe um lugar privilegiado para vermos Deus agindo esse lugar é a Comunidade. Deus poderia começar o derramamento do Espírito de forma isolada, mas ele escolheu derramar na Comunidade. Esse fato nos leva a refletir que o Espírito é dado para a comunidade, porque a missão do Espírito é formar o corpo de Cristo.

Esse ambiente fraterno revela o reflexo da trindade, onde há amor não pode haver divisão, assim os discípulos se fortaleciam e animavam mutuamente subindo mais um desses graus da  vida interior. Dizia o Bem-aventurado José Allamano: A união é uma coisa bela e santa, “que pode ser considerada o maior tesouro da comunidade”.

Um terceiro elemento é a oração.

Para vencer o medo, a impaciência diante de uma promessa que exige espera, eles usam um remédio infalível: a oração; “todos eles perseveravam em oração”.   Diz Santo Agostinho: “Se a oração enfraquece, a fé morre”.  A oração é alimento para alma, nos fortalece e dilata nossos corações para receber as promessas de Deus. Notem, eles não só rezaram, mas perseveravam em oração até o cumprimento da promessa, essa deve ser nossa decisão permanente: ORAR, ORAR, ORAR até que a promessa de Deus se cumpra em nossas vidas.

 Concluindo ainda apresento um quarto elemento: O EXEMPLO DE MARIA.

Notem que Lucas revela a importância de Maria: “Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At 1, 14).  Os que os Apóstolos tratavam a Virgem Santíssima com muito carinho, amor e respeito, afinal ela não é qualquer mulher “entre elas Maria a mãe de Jesus” ela é a Mãe de Deus e nossa.

As ouço algumas pregações onde escuto “Maria é uma mulher qualquer” Mulher qualquer?

 Não! O texto fala da presença de algumas mulheres, mas não menciona os nomes delas… Só diz o nome de Maria Santíssima, a Bendita entre todas as mulheres. Por quê?

Por que ela nos arrasta com seu exemplo a santidade!

Se cansarmos e vier em nossos corações o desejo de desistência, temos entre nós, no cenáculo um grande exemplo, exemplo não para ser adorado, mas para ser imitado. Maria é uma mestra na docilidade interior, mestra na obediência da palavra e na adesão do Espírito (cf Lucas 1,38) Maria é aquela que já vivia na sala de cima, pois era cheia da graça desde seu nascimento, Maria, assim ensina aos discípulos todas as virtudes, inclusive a perseverança. Assim ela se tornou  a madrinha do cenáculo;

Afinal qual é o papel da madrinha?

A madrinha é aquela que já foi batizada e leva os afilhados a pia batismal. E como Maria faz isso?  Pela sua intercessão, e por meio de seu exemplo.

Voltemos, portanto ao andar superior, nosso lugar é o alto, a sala de cima, peçamos a intercessão da virgem e Santa, permanecemos obedientes a palavra com  expectativa de vivermos um novo e grande pentecostes. Aleluia!

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