Eucaristia – São João Crisostomo

O que os anjos contemplam tremendo, o que não se atrevem a olhar de frente, sem temor, pelo resplendor que irradia – é isso o que nos alimenta, é a isso que nos unimos estreitamente, passando a ser com Cristo um só corpo e uma só carne. (Homilias sobre São Mateus, 82)

A melhor maneira de guardar o beneficio é lembrar-se dele, tê-lo na memória e dar graças sempre. É por isso que os extraordinários mistérios, cheios da graça da salvação, que celebramos na Missa, recebem o nome de Eucaristia, quer dizer, de ação de graças, pois são o memorial de muitos benefícios de Deus, põem-nos diante da maior manifestação da sua Providência e inclinam-nos a dar graças a Deus a todo o momento. (Homilias sobre São Mateus, 25, 3)

Ao vê-lo exposto diante de ti, deverás dizer a ti próprio: por este Corpo já não sou terra nem cinza, já não sou cativo, mas livre; por ele espero o céu e todos os seus bens: a vida eterna, a sorte dos anjos, o trato familiar com Cristo. Este Corpo, atravessado com pregos, ferido com açoites, não o levou a morte: até o sol, ao ver este Corpo crucificado, desviou os seus raios; por causa dele rasgou-se então o véu, quebraram-se as pedras e toda a terra tremeu. É este aquele Corpo que foi ensangüentado, que foi ferido pela lança e que fez brotar para o mundo inteiro as fontes da salvação: uma de sangue e outra de água. Queres mais argumentos para conhecer a força deste Corpo? (Homilia sobre a primeira Epístola aos Coríntios, 24, 4)

Que desculpa tens para não dominar a tua natureza? Que pretexto aceitável podes alegar, quando de um leão fazes um homem, e tu, que és homem, consentes em converter-te em leão? […] Considera, por favor, que também a ira é uma fera. Toda a habilidade que os outros demonstram em domar os leões, demonstra-a tu, domando-te a ti mesmo e tornando mansa e pacífica essa fera. […] Nem um leão nem uma víbora são capazes de despedaçar as tuas entranhas como a ira, que as despedaça a cada momento com os seus dentes de ferro. Porque a ira não causa dano somente ao corpo, mas destrói também a saúde da alma, devorando, destroçando, dissipando toda a sua força e tornando-a incapaz para tudo. […] Mas como nos livraremos desta calamidade? Bebendo uma bebida capaz de matar os vermes e as serpentes que trazemos dentro. E que bebida é essa, que tem uma virtude tão maravilhosa? Essa bebida é o precioso sangue de Cristo, desde que seja bebido com confiança. Só ela é capaz de curar todas as nossas enfermidades. (Homilias sobre São Mateus, 4, 9) 

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